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Venda de tele é alvo de novo inquérito
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Um novo inquérito aberto pela
Superintendência da PF (Polícia
Federal) no Rio investiga a atuação do ex-diretor do Banco do
Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira
no leilão de privatização da Telebrás, em julho de 1998.
A investigação começou há três
semanas, quando o procurador
da República Gino Liccione foi
designado para acompanhar o caso. O inquérito foi aberto com base em relatório do Banco Central
que considerou irregular a concessão da fiança bancária de R$
874,2 milhões à empresa Solpart
Participações.
O aval foi autorizado na antevéspera do leilão. A empresa tinha
sido criada pelo Banco Opportunity um mês antes, e seu capital
social era de apenas R$ 1.000. O
BB deu a fiança sem exigir nenhuma garantia real dos acionistas.
O BC concluiu sua investigação
sobre o caso em dezembro de
2001. Seu relatório, encaminhado
em janeiro ao Ministério Público
Federal, aponta outros três ex-diretores da instituição como responsáveis pela operação: João Batista Camargo, Carlos Gilberto
Caetano e Hugo Dantas Pereira.
""A carta de fiança foi concedida
baseando-se apenas em critérios
subjetivos, sem atentar para princípios da boa técnica bancária,
(...) demonstrando imprudência
na gestão dos negócios da instituição financeira", diz o relatório.
Na véspera do leilão, o BB deu
mais de R$ 3 bilhões em fiança a
empresas que participariam da
disputa. Do total, R$ 1,9 bilhão foi
para consórcios ligados ao Opportunity. Para o BC, a Solpart teria sido o único caso em desacordo com as normas bancárias.
A avalanche de fianças foi tornada pública meses após a venda,
com a divulgação dos grampos
clandestinos telefônicos instalados no BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social). Em um dos diálogos
gravados, Ricardo Sérgio comunica ao ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de
Barros a aprovação da fiança para
a Solpart e diz: ""Estamos no limite
da nossa irresponsabilidade".
O relatório do BC diz que as irregularidades podem configurar
crime de gestão temerária de instituição financeira.
A Solpart foi constituída com
três sócios: duas holdings criadas
pelo Opportunity (Invitel e Timepart) e a Stet International, subsidiária do grupo Telecom Italia.
"Não foram apurados riscos, limites, responsabilidades e reciprocidades dos consórcios." A única
garantia dada ao BB foi um aval
da Techold, outra holding criada
pelo Opportunity, que tinha capital de R$ 20 mil na época.
O consórcio comprou a ex-estatal Tele Centro Sul (atual Brasil
Telecom) por R$ 2,07 bilhões e
honrou os pagamentos sem necessidade de execução da fiança
do BB. Segundo o BC, se o consórcio não tivesse quitado a primeira
parcela (de 40% do total) e o BB
fosse chamado a honrar a carta de
fiança e precisasse recorrer à Justiça para reaver seu crédito, não
conseguiria atingir o patrimônio
dos integrantes do consórcio.
Outro lado
Procurado pela Folha, o BB disse não ter nada a declarar. Ricardo
Sérgio também não fez comentários. Os outros ex-diretores não
foram localizados.
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