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NEO-ALIADOS
Presidente do partido afirma que, para oficializar adesão, sigla manteve indicações para cargos nos Estados
PP, ex-PPB, anuncia apoio formal a Lula
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O PP (Partido Progressista), ex-PPB e descendente direto da Arena (Aliança Renovadora Nacional), sigla que deu sustentação ao
regime militar (1964-1985), anunciou ontem que vai aderir formalmente à base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"A maioria dos nosso deputados já votou com o presidente Lula no segundo turno da eleição no
ano passado. Querem agora tomar uma posição oficial. Em uma
ou duas semanas isso vai acontecer. Resolvi tornar tudo público
de uma vez", diz o presidente nacional do PP, o deputado federal
Pedro Corrêa (PE).
Segundo Corrêa, dos 45 deputados atuais do PP, "36 querem a
adesão ao governo". No Senado, o
partido não tem representantes.
"Mas devemos filiar de três a cinco senadores nas próximas semanas", afirma, sem dizer os nomes.
Segundo a Folha apurou, três deles seriam Romeu Tuma (PFL-SP), Ney Suassuna (PMDB-PB) e
Luiz Otavio (PMDB-PA).
Apenas com os números oficiais das bancadas de ontem no
Congresso, a base governista cresce com o PP para 370 deputados e
mantém 53 senadores. São números suficientes para aprovar
emendas constitucionais, que necessitam 308 votos, embora o próprio governo estime uma dissidência de até 40 deputados.
"A nossa expectativa é ficar com
uma bancada de cinco senadores
e crescer na Câmara para algo
próximo a 60 deputados. Além
disso, devemos formalizar um
bloco com o Prona [partido de
Enéas Carneiro], que tem seis deputados", afirma Corrêa.
Para aderir ao governo, os congressistas do PP mantiveram várias indicações feitas para cargos
federais de segundo e terceiro escalões durante os anos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Corrêa é explícito a respeito do
assunto: "Vários deputados tiveram ratificados seus indicados para cargos nas delegacias federais
da agricultura nos Estados. O Severino Cavalcanti [deputado federal de Pernambuco] ficou com
o seu indicado lá. Temos também
vários representantes no Departamento Nacional de Produção Mineral nos Estados".
Daqui para a frente, o PP vai pedir mais. "Nós vamos pleitear
mais espaço no governo a partir
da nossa adesão formal. Não conversamos a respeito de ministério,
porque todos sabem que não haverá reforma ministerial. Mas, se
no final do ano houver trocas na
Esplanada, é claro que o PP gostaria de participar", diz o deputado.
Corrêa tratou da adesão do PP
ao governo com o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Também
participaram dos entendimentos
o presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), e o presidente nacional petista, José Genoino. "Também já falei com o presidente Lula algumas vezes.
Viajei com ele para Recife há uns
20 dias e voltamos juntos depois
para Brasília", afirma ele.
Eleito sucessor de Paulo Maluf
na presidência do PP em 4 de
abril, Corrêa sempre defendeu a
entrada do partido no governo.
Bem-humorado, tem uma frase
que sempre repete para definir a
disposição do PP: "Há três coisas
que só ficam bem nos outros: óculos escuros à noite, sapato branco
e ser de oposição. O PP está acostumado a ser governo e precisa
aderir". Entre os minoritários que
não querem a adesão está o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ex-líder do governo no Congresso durante o governo FHC.
"Ao anunciar a adesão, eles estão rompendo um acordo que fizemos há pouco tempo. Não houve disputa para a Liderança na
Câmara com o compromisso de
manter a sigla independente. Se
oficializarem a entrada no governo, sairei do partido", diz Barros.
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