São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Greve remunerada para o servidor são férias, diz Lula

Na 1ª entrevista coletiva formal neste mandato, presidente critica paralisação no Ibama

NA PRIMEIRA ENTREVISTA coletiva formal do segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou servidores que fazem greve e ressaltou que o maior prejudicado não é o governo, mas a população. Questionado sobre eventual terceiro mandato, afirmou que não irá propor mudança na Constituição e que não brinca com a democracia. Também disse que a Lei de Responsabilidade Fiscal deve mudar, ampliando o limite de endividamento dos Estados. Foi a segunda coletiva concedida desde que Lula virou presidente, em 2003. Jornalistas de 15 veículos participaram do evento, iniciado às 10h14 e encerrado às 12h08.

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente respondeu a questões dos jornais Folha, "O Estado de S. Paulo", "O Globo", "Jornal do Brasil", "Correio Braziliense" e "Valor Econômico", das TVs Globo, Record, SBT, Bandeirantes, Rede TV! e TVJB e da rádio Jovem Pan, da AFP (Agência France Presse) e da revista "Carta Capital".
No início, Lula falou sobre o projeto que pretende enviar ao Congresso limitando o direito de greve de funcionários públicos. Criticou o fato de alguns servidores paralisarem suas atividades e depois receberem o salário referente aos dias parados. "O que não é possível, e nenhum brasileiro pode aceitar, é alguém fazer 90 dias de greve e receber os dias parados, porque, aí, deixa de ser greve e passa a ser férias", declarou.
No momento, o governo federal enfrenta greve de funcionários do Ibama. Lula disse não compreender o que se passava. "Por que o Ibama está em greve?", perguntou. "Apenas porque a ministra [Marina Silva] deu um sinal de que era preciso que houvesse uma modernização". O presidente se refere à criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que herdará parte das atribuições do Ibama.

 

GREVE
MARTHA CORREA (TVJB) - Sobre o anteprojeto de greve de servidores: como se sente ao enviar um pacote que endurece regras a sindicalistas?
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA -
Talvez eu me sinta à vontade exatamente porque fui dirigente sindical e exatamente porque fiz parte das greves mais importantes que aconteceram neste país no final da década de 70 e no começo de década de 80. Quando um trabalhador faz uma greve num comércio ou numa fábrica ele está tentando causar um prejuízo econômico ao patrão, para que o patrão possa ceder às suas reivindicações e, aí, ele voltar a trabalhar. No caso do servidor público não tem patrão. O prejudicado, na verdade, não é o governo, é o povo brasileiro. O que não é possível, e nenhum brasileiro pode aceitar, é alguém fazer 90 dias de greve e receber os dias parados, porque, aí, deixa de ser greve e passa a ser férias.

IBAMA
LUCIANA VERDOLIN (RÁDIO JOVEM PAN) - Há uma discussão entre os ministérios de que precisam sair logo as licenças ambientais para a hidrelétrica do rio Madeira para não haver falta de energia. Não é uma forma de pressionar o Ibama?
LULA -
Por que o Ibama está em greve? Houve redução do salário do Ibama? Alguém foi mandado embora? Não. Apenas porque a ministra deu um sinal de que, depois de tantos anos de existência do Ibama, era preciso que houvesse uma modernização. Eu compreendo que as pessoas e todos nós temos medo de mudanças. Eu lembro que quando Oswaldo Cruz criou o remédio para combater a febre amarela, no Rio, queriam linchá-lo.
Vocês estão lembrados que, na entrevista do PAC, a ministra Dilma falou da hidrelétrica de Estreito, que tinha um problema. Já não tem mais problema. A mesma coisa, a hidrelétrica do rio Madeira.
Eu posso te dizer que o Brasil não terá apagão e que iremos fazer o que temos que fazer neste país para ter energia.

Leia a íntegra da entrevista coletiva de Lula

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