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POLÍCIA
Associação ameaça com greve para conquistar piso nacional de R$ 1.000
Conselho Nacional de PMs
acha 'colapso inevitável'
FLÁVIO ARANTES
da Agência Folha, em Curitiba
O Conselho
Nacional dos
Comandantes
das Polícias Militares e Corpo
de Bombeiros
está ameaçando
organizar uma greve entre policiais militares por aumento de salários, entre outras reivindicações.
"Inevitavelmente, haverá novamente um colapso", disse à Agência Folha o coronel Luiz Fernando
Lara, presidente do conselho das
PMs e Bombeiros.
Lara esteve reunido no início de
abril, em Recife, para discutir a
crise das PMs e cobrar do governo
federal a criação de um piso único
de R$ 1.000 para os soldados das
corporações.
"O governo está brincando com
coisa séria", disse Lara, afirmando que os PMs que se rebelaram
no ano passado deram "um voto
de confiança" ao governo. Porém, na sua avaliação, terminado
o movimento, as autoridades públicas esqueceram a crise.
"Nós não estamos incentivando
a greve. O que nós estamos fazendo é alertar para essa possibilidade, já que nada foi feito." Segundo
o coronel, comandante da PM do
Paraná, a única ação concreta foi a
criação da Secretaria Nacional de
Segurança Pública, "mas ela não
tem força de decisão".
Lara quer um encontro com o
ministro da Justiça, Renan Calheiros, para levar essa cobrança dos
coronéis e também para discutir a
criação do Fundo Nacional de Segurança Pública, proposto pelos
coronéis. Esse fundo seria abastecido, entre outras fontes, com recursos de multas e de loterias.
Os recursos do fundo serviriam
para reaparelhar as PMs, retirando dos Estados essa competência.
Segundo o raciocínio do coronel,
livres do ônus de equipar suas polícias, os Estados teriam condições
de pagar o piso nacional.
Por causa dos baixos salários e
das condições de trabalho, "fica
difícil" cobrar de um policial militar que faça a segurança pública.
A crise da Polícia Militar estourou no país em 13 de junho do ano
passado, quando policiais militares de Minas Gerais saíram às ruas
de Belo Horizonte, em greve por
aumento salarial.
Numa manifestação onze dias
depois, houve confronto entre os
grevistas e os PMs que protegiam
o Palácio da Liberdade, sede do
governo mineiro. O cabo Valério
dos Santos Oliveira, 36, foi baleado na cabeça e morreu.
Em menos de duas semanas, a
crise já havia contagiado outros 12
Estados. Em Alagoas, as proporções da crise foram mais sérias.
Em julho, policiais militares e civis chegaram a entrar em conflito
com o Exército. O governador Divaldo Suruagy (PMDB) se afastou
do cargo, para depois renunciar.
No final de julho, a crise explodiu
no Ceará. Num confronto entre a
tropa de elite da PM e policiais
participantes de uma passeata por
melhores salários em Fortaleza, o
comandante da PM, coronel Mauro Alves Benevides, foi ferido com
um tiro nas costas.
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