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PROTESTO
Sindicalista que defendeu ação critica dirigentes da entidade, que anuncia apenas "solidariedade" a saqueadores
CUT nega organização de saques urbanos
PATRICIA ZORZAN
da Reportagem Local
A declaração
do secretário de
Política Sindical
da CUT (Central
Única dos Trabalhadores),
Jorge Luís Martins, -de que a entidade organizará saques a armazéns públicos
de grandes cidades caso o governo
não tome providências contra o
desemprego e a fome- dividiu dirigentes da central.
Em nota oficial divulgada ontem, a entidade nega a afirmação
de Martins e diz que a central apenas apoiará e prestará solidariedade aos que passam fome.
"A CUT vem a público reafirmar a deliberação de sua Executiva Nacional de não organizar saques, ou outras ações semelhantes, nos centros urbanos", explica
a nota, assinada pelo secretário-geral da central, João Antonio
Felício.
Na avaliação de Felício, que participou ontem pela manhã de um
protesto contra o desemprego em
frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista,
Martins cometeu uma "derrapada no vernáculo".
"A CUT não discutiu a organização de saques. Apoiamos, mas
não vamos organizar. Não ajudaremos, mas, em situações de desespero, entendemos essas atitudes", declarou o secretário-geral.
Martins manteve ontem sua posição e criticou seus opositores.
"Se uma categoria de desempregados disser que quer pegar comida, não hesito em ajudar a organizar e ainda me junto a eles para
auxiliar a pegar a comida."
Para a CUT, as declarações de
Martins refletem uma "opinião
isolada". O sindicalista afirmou
que é coerente com a "posição
histórica" da entidade.
"Estão desvirtuando a história
da central. É fácil dizer que não
vão ajudar. A maioria dos dirigentes da CUT e de outros sindicatos
nunca passou fome."
"Embaixo da cama"
Apesar de também nunca ter
passado pelo problema, o sindicalista disse considerar "a luta dos
que têm fome justa".
"Não vou tomar a iniciativa,
mas, se o povo chamar a CUT para
organizar, vamos estar juntos, vamos dizer para pegar comida. Se
houver gente que quiser se omitir...Tenho certeza de que vai haver dirigente entrando embaixo da
cama na hora em que os famintos
o chamarem para organizar."
Martins é um dos fundadores da
entidade e faz parte de sua Executiva Nacional há quatro anos. É
membro da Alternativa Sindical
Socialista (ASS), uma corrente minoritária na central.
Colaborou
Patrícia Andrade, da Reportagem
Local
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