São Paulo, sábado, 16 de maio de 1998

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VIAGEM
FHC faz 'visita de trabalho' à Espanha
Presidente retoma agenda interrompida

Ichiro Guerra/Folha Imagem
O presidente FHC, que retoma hoje interrompida à Espanha


JOÃO BATISTA NATALI
enviado especial a Madri

Não é mais como "visita de Estado", mas com um estatuto mais modesto no jargão diplomático -uma "visita de trabalho"- que o presidente Fernando Henrique Cardoso reinicia hoje, na Espanha, a agenda que interrompeu em 22 de abril para participar do enterro do deputado Luís Eduardo Magalhães.
Ao desembarcar às 23h20 (18h20 em Brasília) no pavilhão de honra do aeroporto madrileno de Barajas, FHC não passará novamente as tropas em revista com o rei Juan Carlos.
Também não ficará hospedado, como em abril, em aposentos do Palácio Real. Ele ocupará um dos 158 apartamentos do hotel Ritz, talvez o mais luxuoso de Madri, projetado em 1906 para hospedar os convidados ao casamento do então rei Afonso 13.
Mas a expressão "visita de trabalho" não significa diplomacia de segunda classe e não designa suposta punição pelo mal-estar que a chancelaria espanhola oficiosamente demonstrou com a interrupção da primeira viagem.
É como visita de trabalho, por exemplo, que o governo local recebe dirigentes dos países a ele associados na União Européia.
As 43 horas e dez minutos em que FHC permanecerá na capital espanhola oscilarão entre o protocolar, o político e o cultural.
Em companhia dos dois únicos ministros que integram a comitiva -Luiz Felipe Lampreia, do Itamaraty, e Pedro Malan, da Fazenda-, terá amanhã um encontro de uma hora, seguido de almoço, com o primeiro-ministro José Maria Aznar.
Na segunda-feira, o presidente almoçará com o rei, receberá as chaves da cidade na prefeitura e a medalha de ouro da Galícia e participará de um encontro com empresários na CEOE (Confederação Espanhola de Organizações Empresariais).
Em termos culturais, visita domingo o Museu Thissen-Bornemisza, uma das maiores coleções particulares de pintura do mundo. O barão Heirich e seu filho Hans-Heirich Thissen-Bornemisza reuniram cerca de 800 telas -entre elas excelentes Tiziano e Goya-, doadas em 1993 ao governo espanhol.
Mas, por detrás dessa agenda aparentemente leve, sem atritos ou densas discussões bilaterais, há o lugar cada vez maior que o Brasil ocupa nas prioridades da Espanha. E vice-versa.
O comércio entre os países cresceu 30% em dois anos e o capital espanhol só perde para o norte-americano entre os estrangeiros presentes no programa brasileiro de privatizações.
A Folha apurou, por exemplo, que a Telefonica, empresa já instalada no Chile e Argentina e com parte do capital da CRT gaúcha, interessa-se pelas novas regras que ampliariam a participação do capital externo na privatização do Sistema Telebrás.



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