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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/"DAY AFTER"
Petebista quer tentar comprovar a origem dos R$ 4 milhões que diz ter recebido do PT; deputado incluiu 22 testemunhas em defesa
Jefferson pede apuração em saques no BB
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na defesa por escrito que apresentou ontem em complemento
ao depoimento dado ao Conselho
de Ética da Câmara, o presidente
do PTB, Roberto Jefferson (RJ),
solicitou que seja feito um levantamento de todos os saques em
dinheiro acima de R$ 100 mil do
Banco do Brasil e do Banco Rural
desde março de 2004. Ele incluiu
também 22 testemunhas.
O objetivo de Jefferson ao pedir
que o Banco Central faça o levantamento dos saques é tentar comprovar a origem dos R$ 4 milhões
que ele afirma ter recebido do PT.
A solicitação do deputado será
analisada hoje em votação dos 15
membros do Conselho de Ética
-e deve ser aceita. Depois de
aceito, os membros do conselho
têm dois caminhos: encaminhar a
solicitação para a Mesa Diretora
da Câmara, que faria o pedido ao
BC, que não é obrigado a responder; ou a Mesa pede diretamente
para que a Justiça determine o levantamento dos saques.
No depoimento dado anteontem, o deputado afirmou que recebeu o dinheiro para campanhas
do PTB em duas parcelas -de R$
2,2 milhões e R$ 1,8 milhão- em
notas de R$ 100 e R$ 50 com etiquetas dos dois bancos.
O PT nega ter dado dinheiro ao
PTB, embora admita ter fornecido ajuda material ao partido. A
transação não está registrada na
Justiça Eleitoral.
Testemunhas
A defesa de Jefferson, de apenas
seis páginas, elenca 22 testemunhas, entre elas os ministros José
Dirceu (Casa Civil), Ciro Gomes
(Integração Nacional) e Walfrido
dos Mares Guia (Turismo).
É pedida ainda a inquirição do
tesoureiro do PT, Delúbio Soares,
do publicitário Marcos Valério e
de vários deputados, além da ex-mulher de Valdemar Costa Neto,
presidente do PL, Maria Cristina
Mendes Caldeira. Quando separou-se de Costa Neto, Caldeira
chegou a fazer insinuações sobre
pagamentos a deputados.
Os membros do Conselho de
Ética já informaram que vão aceitar apenas cinco testemunhas das
22 solicitadas por Jefferson.
O documento apresentado ontem não tem fatos novos ou provas materiais. Mas Itapuã Messias, um dos advogados de Jefferson, deu a entender que seu cliente tem novas informações.
"As novidades estão surgindo a
cada 15 segundos nesse caso. É
apenas questão de como e quando mostrar", afirmou.
No depoimento, Jefferson afirmou que "gente importante" dos
Correios o está procurando para
fazer denúncias.
Jefferson vem adotando uma
estratégia de revelar informações
em doses homeopáticas, para maximizar seu impacto. Fez isso com
as duas entrevistas à Folha e no
depoimento de anteontem. O petebista ainda será ouvido na Corregedoria da Câmara, na semana
que vem, e na CPI dos Correios.
Hoje, o Conselho de Ética definirá os próximos passos. Já há
cerca de 50 requerimentos de
convite a testemunhas.
Ontem, parlamentares petistas
avaliavam que Jefferson deixou
muitas perguntas sem respostas e
expôs algumas fragilidades em
sua argumentação.
O relator do processo de cassação de Jefferson no Conselho de
Ética, Jairo Carneiro (PFL-RJ),
afirmou que o próximo a ser convidado a prestar depoimento dever ser Delúbio. "Muitas das perguntas que o depoimento de Jefferson levantou podem ser respondidas por ele."
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