São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/"DAY AFTER"

Petebista quer tentar comprovar a origem dos R$ 4 milhões que diz ter recebido do PT; deputado incluiu 22 testemunhas em defesa

Jefferson pede apuração em saques no BB

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na defesa por escrito que apresentou ontem em complemento ao depoimento dado ao Conselho de Ética da Câmara, o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), solicitou que seja feito um levantamento de todos os saques em dinheiro acima de R$ 100 mil do Banco do Brasil e do Banco Rural desde março de 2004. Ele incluiu também 22 testemunhas.
O objetivo de Jefferson ao pedir que o Banco Central faça o levantamento dos saques é tentar comprovar a origem dos R$ 4 milhões que ele afirma ter recebido do PT.
A solicitação do deputado será analisada hoje em votação dos 15 membros do Conselho de Ética -e deve ser aceita. Depois de aceito, os membros do conselho têm dois caminhos: encaminhar a solicitação para a Mesa Diretora da Câmara, que faria o pedido ao BC, que não é obrigado a responder; ou a Mesa pede diretamente para que a Justiça determine o levantamento dos saques.
No depoimento dado anteontem, o deputado afirmou que recebeu o dinheiro para campanhas do PTB em duas parcelas -de R$ 2,2 milhões e R$ 1,8 milhão- em notas de R$ 100 e R$ 50 com etiquetas dos dois bancos.
O PT nega ter dado dinheiro ao PTB, embora admita ter fornecido ajuda material ao partido. A transação não está registrada na Justiça Eleitoral.

Testemunhas
A defesa de Jefferson, de apenas seis páginas, elenca 22 testemunhas, entre elas os ministros José Dirceu (Casa Civil), Ciro Gomes (Integração Nacional) e Walfrido dos Mares Guia (Turismo).
É pedida ainda a inquirição do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, do publicitário Marcos Valério e de vários deputados, além da ex-mulher de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, Maria Cristina Mendes Caldeira. Quando separou-se de Costa Neto, Caldeira chegou a fazer insinuações sobre pagamentos a deputados.
Os membros do Conselho de Ética já informaram que vão aceitar apenas cinco testemunhas das 22 solicitadas por Jefferson.
O documento apresentado ontem não tem fatos novos ou provas materiais. Mas Itapuã Messias, um dos advogados de Jefferson, deu a entender que seu cliente tem novas informações.
"As novidades estão surgindo a cada 15 segundos nesse caso. É apenas questão de como e quando mostrar", afirmou.
No depoimento, Jefferson afirmou que "gente importante" dos Correios o está procurando para fazer denúncias.
Jefferson vem adotando uma estratégia de revelar informações em doses homeopáticas, para maximizar seu impacto. Fez isso com as duas entrevistas à Folha e no depoimento de anteontem. O petebista ainda será ouvido na Corregedoria da Câmara, na semana que vem, e na CPI dos Correios.
Hoje, o Conselho de Ética definirá os próximos passos. Já há cerca de 50 requerimentos de convite a testemunhas.
Ontem, parlamentares petistas avaliavam que Jefferson deixou muitas perguntas sem respostas e expôs algumas fragilidades em sua argumentação.
O relator do processo de cassação de Jefferson no Conselho de Ética, Jairo Carneiro (PFL-RJ), afirmou que o próximo a ser convidado a prestar depoimento dever ser Delúbio. "Muitas das perguntas que o depoimento de Jefferson levantou podem ser respondidas por ele."


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