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PROCURADORIA
Lula escolhe vice de Fonteles para substituí-lo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva escolheu para suceder Claudio Fonteles um homem com o
mesmo estilo de trabalho do atual
procurador-geral da República: o
vice-procurador-geral, Antônio
Fernando Barros e Silva de Souza.
A expectativa é que Souza leve à
frente investigações sobre fatos
que considerar graves contra deputados, senadores, ministros e,
eventualmente, o presidente. O
procurador-geral detém exclusividade na iniciativa de apurar suspeitas contra essas autoridades.
Por isso, o papel dele será fundamental em desdobramentos judiciais da crise política criada pelas declarações de Roberto Jefferson (PTB-RJ), sobre o suposto pagamento pelo PT de mesada a deputados em troca de apoio.
Caberá a Souza examinar também as conclusões dos inquéritos
criminais em curso no STF contra
o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, e o ministro
Romero Jucá (Previdência Social)
-abertos a pedido de Fonteles.
Se concluir que há indícios de crime nos dois casos, oferecerá denúncias ao tribunal, para a abertura de ações penais. Caso contrário, arquivará as apurações.
Formalmente, Lula enviou ao
Senado uma mensagem indicando Souza para ser o novo procurador-geral a partir de 30 de junho, quando termina o mandato
de Fonteles. O Senado terá de sabatiná-lo e de aprovar o nome. A
tendência é a aprovação.
Fonteles pediu pessoalmente a
Lula que nomeasse Souza. Disse
que o nome dele era o preferido
dentre os procuradores, conforme votação feita, e que a nomeação manteria o trabalho de combate à corrupção que a instituição
faz em parceria com Polícia Federal e Receita Federal. A indicação
também teve o apoio do ministro
Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Natural de Fortaleza, Souza tem
56 anos de idade e 30 anos de
atuação na Procuradoria. Ele se
formou em direito pela Universidade Federal do Paraná, em março de 1972. No Ministério Público,
atua na área cível e foi um dos primeiros a defender o uso da ação
civil pública na defesa de interesses da sociedade, na década de 80.
O procurador-geral da República acumula essa função com a de
procurador-geral eleitoral, perante o TSE. Ele também terá atuação
importante nas eleições de 2006.
Souza faz parte do mesmo grupo de Fonteles, que considera que
a instituição não deve se omitir
diante de suspeitas contra autoridades. Ambos criticam o estilo de
trabalho do ex-procurador-geral
Geraldo Brindeiro, que ficou no
cargo oito anos, quando recebeu a
pecha de "engavetador-geral".
Souza não é ligado à Igreja Católica, ao contrário de Fonteles,
que se opôs à liberação da interrupção da gravidez nos casos de
feto com anencefalia e propôs
ação contra utilização de células-tronco de embriões humanos.
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