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Opportunity recorreu a Delúbio
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Opportunity de Daniel
Dantas recorreu ao tesoureiro do
PT, Delúbio Soares, para tentar
obter apoio do governo na disputa que travava com fundos de
pensão das empresas estatais pelo
controle da Brasil Telecom, a terceira maior empresa de telefonia
fixa do país.
Um encontro entre Delúbio e
Carlos Rodenburg, um dos sócios
do Opportunity, ocorreu em 22
de julho de 2003, às 16h, no hotel
Blue Tree de Brasília, segundo relato de ex-secretária de Marcos
Valério, Fernanda Karina Ramos
Somaggio, à revista "IstoÉ Dinheiro".
Marcos Valério Fernandes de
Souza, o engenheiro acusado pelo
presidente do PTB, Roberto Jefferson (PTB-RJ), de ser uma das
fontes do dinheiro que era usado
para pagar o "mensalão" a deputados do PP e do PL , também estava na reunião, segundo a ex-secretária.
Encontro
Um assessor de Rodenburg
confirmou para a Folha que o encontro ocorreu. O objetivo da
reunião, segundo ele, era melhorar as relações de Dantas com o
Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil que é sócio da Brasil
Telecom. O assessor, no entanto,
informa que o encontro ocorreu
em outra data -no início do ano
passado.
A confirmação do encontro entre Delúbio e um sócio do Opportunity mostra que Marcos Valério
não atuava somente como intermediário entre o tesoureiro do PT
e agências de publicidade.
Marcos Valério também ajudava empresários a ter acesso ao governo. Ele defendeu os interesses
do Banco Rural junto ao Banco
Central.
Uma das agência de publicidade
em que Marcos Valério é sócio, a
DNA Propaganda, cuida das contas de duas operadoras de celular
de Dantas: Telemig e da Amazônia Telecom. A Telemig é um dos
maiores clientes da DNA, a sede
da empresa também é em Belo
Horizonte.
Resistência
Os executivos do Opportunity
recorreram a Delúbio e a Marcos
Valério porque havia uma resistência muito grande ao nome de
Dantas numa ala do governo
muito próxima do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva -o grupo do ministro Luiz Gushiken
(Comunicação de Governo).
Os petistas tinham restrições a
Dantas porque estavam convencidos de que o Opportunity ganhou a empresa de telefonia que
viria a se chamar Brasil Telecom
com o auxílio de tucanos.
Gushiken dizia ter ojeriza a
Dantas porque o empresário havia grampeado seu telefone no final de 2002, quando ele participava da montagem da equipe de governo de Lula.
Dantas tinha interesse em saber
o que pensava Gushiken porque o
petista assessorava o fundo de
pensão do Banco do Brasil, um
dos sócios na Brasil Telecom.
Grampo
Investigação conduzida pela
Polícia Federal concluiu que o
grampo a Gushiken fora ordenado por Dantas e por Carla Cico,
presidente da Brasil Telecom.
Ambos foram indiciados pela PF
em abril de sob acusação de formação de quadrilha, revelação de
segredo e corrupção ativa.
O encontro do executivo do Opportunity com Delúbio e Marcos
Valério revelaria-se infrutífero.
Em março deste ano, o banqueiro
foi destituído da gestão do fundo
do CVC/Opportunity Equity
Partners LP, que controla a Brasil
Telecom, o Metrô do Rio e a Telemig, entre outros negócios.
A destituição de Dantas foi pedida na Justiça americana pelo Citigroup, um dos sócios de Dantas
no fundo de investimento.
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