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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ OS DOCUMENTOS
Banco do Brasil afirma não ter registro dos pagamentos de R$ 540 mil e R$ 120 mil que constam de dois documentos aprendidos
BB sinaliza que DNA emitiu notas falsas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos duas notas fiscais
emitidas pela agência DNA referentes a serviços que teriam sido
prestados ao Banco do Brasil não
constam dos registros contábeis
do banco. Os documentos foram
apreendidos ontem na sede da
empresa em Belo Horizonte.
As duas notas fiscais, de números 31230 e 31231, são datadas de
19 de agosto de 2003 e se referem a
supostos gastos com a veiculação
de anúncios do BB na TV. Os pagamentos teriam sido de R$ 540
mil e R$ 120 mil, respectivamente.
O BB informou ontem que não
tem registro dos pagamentos citados nas notas fiscais aprendidas
na DNA e que somente a agência e
os veículos de comunicação envolvidos poderiam confirmar se
os serviços mencionados nos documentos foram efetivamente
realizados. As dúvidas sobre a veracidade dos documentos podem
indicar a existência de uma contabilidade paralela na agência.
A DNA tem entre seus sócios
Marcos Valério de Souza, apontado como o "operador" do suposto
mensalão. À CPI dos Correios,
Valério explicou como é o relacionamento da agência com seus
clientes: a empresa paga à agência
os valores referentes às campanhas publicitárias, enquanto a
agência repassa os recursos aos
veículos responsáveis pela divulgação, recebendo uma comissão.
Ontem a Folha não conseguiu
falar com a assessoria de Marcos
Valério. A reportagem ligou para
telefones que seriam da SMPB e
da DNA, mas ninguém atendeu.
Para a senadora Heloísa Helena
(PSOL-AL), o fato de o BB não ter
cópia da nota fiscal e não ter pago
pela prestação do serviço é um indício de que o documento da
DNA é fraudulento: "Isso pode
ser um mecanismo de lavagem de
dinheiro para justificar os recursos que entram na agência", disse.
A senadora fez parte de uma diligência da CPI dos Correios que
foi a Belo Horizonte, anteontem,
acompanhar operação da Polícia
Civil e do Ministério Público de
Minas Gerais que apreendeu mais
de 2.000 notas fiscais da DNA.
Elas estavam sendo queimadas na
casa do irmão do contador do publicitário, Marco Túlio Prata.
Foram recuperadas na operação notas fiscais de serviços prestados pela DNA para o Banco do
Brasil, Telemig Celular, Brasil Telecom, Ministério do Trabalho e
Eletronorte. A CPI vai pedir às
empresas cópias dessas notas para comprovar a prestação do serviço. Um indício de irregularidade é que foram encontradas quatro vias da mesma nota no local.
Os papéis estavam sendo queimados em dois latões e entre eles
havia notas deste ano. "Até por
segurança contábil as empresas
costumam guardar documentos
por pelo menos cinco anos, então
como estavam sendo queimados?", questiona Heloísa Helena.
A assessoria de imprensa da
Brasil Telecom afirmou que não
tinha como checar ontem a existência da nota fiscal em seus arquivos, mas confirmou que era
cliente da DNA. O contrato foi
rescindido no mês passado.
A Telemig Celular informou
que a nota fiscal encontrada anteontem no local não é falsa. Segundo a empresa, o documento é
referente a serviços prestados pela
DNA na produção da campanha
de Natal de 2002 da operadora.
(FERNANDA KRAKOVICS, LEILA SUWWAN E NEY HAYASHI)
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