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QUEIMA DE ARQUIVO
Documentos da DNA, da qual Marcos Valério é sócio, são encontrados em calçada em Minas
Polícia encontra mais faturas queimadas
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A Polícia Civil de Minas Gerais
e o Ministério Público do Estado
apreenderam ontem mais documentos da agência de publicidade DNA Propaganda, da qual o
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza é sócio, em
Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Os documentos -faturas referentes a serviços prestados pela empresa- foram recolhidos
entre montes de papel queimado. Estavam sobre uma calçada
de terra, em um bairro vizinho
ao da casa do irmão do contador
de Marcos Valério, na qual ocorreu anteontem uma apreensão
de milhares de notas fiscais da
DNA Propaganda.
Marcos Valério é acusado de
ser o operador do "mensalão",
suposto esquema de pagamento
de mesada, pelo PT, a parlamentares da base aliada em troca de
apoio político na Câmara.
Segundo o delegado-corregedor Elder Dângelo, que participou da apreensão, a disposição
dos papéis na calçada indica que
eles teriam sido queimados no
local. Em cerca de dez montes de
papel carbonizado, a polícia recolheu cinco envelopes de pedaços intactos. "O [material] que
se salvou foi movido pelo vento,
e queimou só um pedaço", afirmou Elder Dângelo.
O delegado disse que foi possível identificar faturas emitidas
pela DNA para o Banco do Brasil, Eletronorte, Ministério do
Trabalho e Telemig Celular.
Um morador da região encontrou o material e ligou para uma
TV local, que acionou a Polícia
Civil. Na rua em que os papéis
foram encontrados, no bairro
Jardim Riacho, não há casas,
apenas indústrias.
Segundo a Polícia Civil, o local
fica a cinco minutos de carro da
casa do ex-policial Marco Túlio
Prata, 50, o Pratinha, irmão do
contador de Marcos Valério.
Pratinha é acusado de homicídio -teria matado um homem
no ano passado dentro do maior
pronto-socorro de Minas- e foi
preso anteontem.
Na casa dele, a polícia encontrou 17 armas, além de munição,
granadas, silenciadores e um rádio transmissor. Em dois tambores, foram encontrados vestígios de papel queimado, nos
quais foi possível identificar o
timbre da DNA.
Escuta telefônica
De acordo com o Ministério
Público, uma escuta telefônica
autorizada pela Justiça na casa
de Pratinha revelou conversas
entre ele e seu irmão, o contador
Marco Aurélio Prata, sobre o extravio dos documentos.
Para Dângelo, a nova apreensão enfraquece a versão do advogado de Pratinha, José Cavalcante, sobre a queima dos documentos na casa do ex-policial.
Segundo Cavalcante, que não foi
localizado ontem, uma diarista
teria queimado os papéis.
"Se foi, a mesma diarista foi ao
mesmo local [queimar os documentos encontrados ontem]",
disse o delegado.
O material encontrado ontem
será periciado pela Polícia Civil
mineira, que investiga o crime
de supressão de documento. Depois será repassado ao Ministério Público do Estado, que apura
eventuais irregularidades em
contratos de empresas de Valério com órgãos públicos.
O promotor Geraldo Ferreira
afirmou que, como havia fragmentos de documentos datados
de menos de cinco anos, ficou
caracterizado crime de supressão de documentos. Em alguns
documentos era possível ler as
palavras "autorização Marcos
Valério". A DNA Propaganda
não se manifestou sobre a
apreensão.
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