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RELIGIÃO
Em encontro de Comunidades Eclesiais de Base, católicos discutem como frear o crescimento dos evangélicos
Igreja quer barrar avanço de novas seitas
LUIS HENRIQUE AMARAL
enviado especial a São Luís
Consideradas o braço popular da
Igreja Católica, as Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs) serão usadas para tentar conter o avanço
dos movimentos pentecostais nos
locais onde eles mais crescem: as
periferias e regiões rurais do país.
Para debater esse e outros assuntos, cerca de 4.000 pessoas, entre
elas 50 bispos, começaram ontem
o 9º Encontro Intereclesial, em São
Luís (MA). O tema é "CEBs: Vida e
Esperança nas Massas". O encontro vai até o dia 19.
O objetivo fundamental do encontro é tirar as CEBs do isolamento e da estagnação em que vivem desde que deixaram de ser
prioridade para a hierarquia católica. Será discutido como chegar
"às massas", ou seja, atingir o
grande público.
Apesar de tratar o tema com discrição para não caracterizar um tipo de "guerra santa", a CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil) tem como prioridade retomar o crescimento das CEBs para tentar barrar a perda de fiéis para as novas igrejas evangélicas.
"Alguns dizem que as CEBs são
o melhor remédio contra as chamadas seitas", diz d. José Elias
Chaves, bispo de Cametá (PA).
Tradicional
As CEBs reúnem todas as características para tentar enfrentar as
novas confissões evangélicas, como a Igreja Universal do Reino de
Deus. Elas são fortes nas regiões
mais pobres, mantêm uma religiosidade tradicional e são um pólo
aglutinador da comunidade.
Segundo o dominicano Alberto
Christo Libânio, o frei Beto, nos
últimos três anos "a preocupação
do conjunto de bispos com o crescimento dos neopentecostais trouxe uma nova valorização das CEBs
sob a ótica de uma concorrência".
Beto, que é assessor de comunicação do encontro, lembra que os
últimos documentos da CNBB
afirmam que as CEBs têm uma
"penetração popular que as paróquias tradicionais não têm".
Além dos movimentos pentecostais, a reunião das CEBs vai discutir temas como religiões afro-brasileiras, cultura de massas, questão indígena, movimentos populares e catolicismo popular.
CNBB
Dos cerca de 320 bispos brasileiros, pouco mais de 50 estavam ontem em São Luís. O vice-presidente da CNBB, d. Jayme Chemello, é
o representante da direção da entidade no encontro.
Segundo ele, o número de bispos
presentes não reflete um descaso
da hierarquia com o movimento.
"Vir para São Luís é caro e poucos
bispos de outras regiões podem
viajar para longe", diz.
Para d. Chemello, a CNBB nunca
deixou de priorizar as CEBs. "Elas
são eclesiais, ou seja, são a própria
igreja", afirma.
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