São Paulo, quarta, 16 de julho de 1997.



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RELIGIÃO
Em encontro de Comunidades Eclesiais de Base, católicos discutem como frear o crescimento dos evangélicos
Igreja quer barrar avanço de novas seitas

LUIS HENRIQUE AMARAL
enviado especial a São Luís

Consideradas o braço popular da Igreja Católica, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) serão usadas para tentar conter o avanço dos movimentos pentecostais nos locais onde eles mais crescem: as periferias e regiões rurais do país.
Para debater esse e outros assuntos, cerca de 4.000 pessoas, entre elas 50 bispos, começaram ontem o 9º Encontro Intereclesial, em São Luís (MA). O tema é "CEBs: Vida e Esperança nas Massas". O encontro vai até o dia 19.
O objetivo fundamental do encontro é tirar as CEBs do isolamento e da estagnação em que vivem desde que deixaram de ser prioridade para a hierarquia católica. Será discutido como chegar "às massas", ou seja, atingir o grande público.
Apesar de tratar o tema com discrição para não caracterizar um tipo de "guerra santa", a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) tem como prioridade retomar o crescimento das CEBs para tentar barrar a perda de fiéis para as novas igrejas evangélicas.
"Alguns dizem que as CEBs são o melhor remédio contra as chamadas seitas", diz d. José Elias Chaves, bispo de Cametá (PA).
Tradicional
As CEBs reúnem todas as características para tentar enfrentar as novas confissões evangélicas, como a Igreja Universal do Reino de Deus. Elas são fortes nas regiões mais pobres, mantêm uma religiosidade tradicional e são um pólo aglutinador da comunidade.
Segundo o dominicano Alberto Christo Libânio, o frei Beto, nos últimos três anos "a preocupação do conjunto de bispos com o crescimento dos neopentecostais trouxe uma nova valorização das CEBs sob a ótica de uma concorrência".
Beto, que é assessor de comunicação do encontro, lembra que os últimos documentos da CNBB afirmam que as CEBs têm uma "penetração popular que as paróquias tradicionais não têm".
Além dos movimentos pentecostais, a reunião das CEBs vai discutir temas como religiões afro-brasileiras, cultura de massas, questão indígena, movimentos populares e catolicismo popular.
CNBB
Dos cerca de 320 bispos brasileiros, pouco mais de 50 estavam ontem em São Luís. O vice-presidente da CNBB, d. Jayme Chemello, é o representante da direção da entidade no encontro.
Segundo ele, o número de bispos presentes não reflete um descaso da hierarquia com o movimento. "Vir para São Luís é caro e poucos bispos de outras regiões podem viajar para longe", diz.
Para d. Chemello, a CNBB nunca deixou de priorizar as CEBs. "Elas são eclesiais, ou seja, são a própria igreja", afirma.



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