São Paulo, quarta, 16 de julho de 1997.



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Politização marcou auge das comunidades durante ditadura

do enviado especial

As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) surgiram a partir das decisões do Concílio Vaticano 2º, realizado na primeira metade da década de 60 e que colocou como prioridade para a igreja a "opção preferencial pelos pobres". Hoje, dados oficiais da CNBB indicam que existem 70 mil CEBs no Brasil.
O número de participantes de uma CEB varia de 30 a 200. Sua formação pode ser definida tanto por uma região geográfica, como um bairro, quanto por uma paróquia.
As atividades de uma CEB vão das orações até a organização de movimentos de luta por moradia, creches e postos de saúde. Também é comum que elas organizem festas nas datas religiosas.
A explosão do movimento no Brasil foi nos anos 70 e 80, durante o regime militar. Elas praticamente foram hegemônicas como movimento popular quando o governo perseguia outras organizações.
O excesso de politização das CEBs assustou o Vaticano. Dois fatores contribuíram para isso. No Brasil, integrantes das comunidades participaram da luta pela redemocratização, dando um caráter militante ao movimento. Um fenômeno semelhante ocorreu na revolução sandinista da Nicarágua. Padres e líderes católicos se transformaram em guerrilheiros.
Com o fim do regime militar, novos grupos políticos surgiram, como o Movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terra, ocupando um espaço que era da CEBs.
As CEBs também preocupavam por serem muito independentes da hierarquia. Muitas delas, distantes das sedes das dioceses, começaram a formar seus próprios pregadores, que celebravam missas, casamentos e batizados sem a participação dos padres.
Os questionamentos do clero em relação às CEBs acabaram por enfraquecer o movimento, que nos últimos anos perdeu importância para outros grupos, como a Renovação Carismática.



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