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PRIVATIZAÇÃO
Andrea Matarazzo diz que equívoco foi ter marcado venda de Metropolitana e Bandeirante no mesmo dia
Secretário vê sucesso, mas admite erro
da Reportagem Local
O secretário da Energia de São
Paulo, Andrea Matarazzo, afirma
que o governo cometeu um erro
ao marcar o leilão de privatização
das duas empresas de distribuição
de energia da Eletropaulo para o
mesmo dia, 15 de abril.
O resultado foi a venda de uma
delas, a Metropolitana, pelo preço
mínimo, de R$ 2,026 bilhões, e a
ausência de interessados na compra da outra, a Bandeirante.
Matarazzo admite que o governo
enfrentou outros problemas na
privatização do setor. Alguns dos
quais não dependem do Estado,
como o atraso na regulamentação
do setor elétrico, que deve ser feita
pelo governo federal.
A parte de geração da Cesp, que
incluiu 20 usinas, só será privatizada no próximo ano, afirma Matarazzo. E isso se o governador licenciado, Mário Covas (PSDB),
for reeleito.
A seguir, os principais trechos
da entrevista concedida por Matarazzo à Folha ontem:
Folha - Que balanço o sr. faz do
processo de privatização do setor
elétrico em São Paulo?
Andrea Matarazzo - É um balanço positivo. Com a venda da
Elektro hoje, praticamente 80% do
setor de distribuição de energia estará privatizado. O ponto fundamental é o claro sinal da modernização do Estado e a transformação
de um Estado empresário num Estado regulador e fiscalizador.
O Estado poderá agora concentrar sua atenção e seus recursos em
suas atividades típicas de governo,
como saúde, educação, saneamento, deixando para o setor privado a operação de alguns serviços
públicos. O setor privado tem mais
agilidade e mais facilidade para
operar essas empresas.
Folha - Mas o governo obteve até
agora um valor menor do que o esperado com a privatização das empresas de energia.
Matarazzo - Eu não acho. Dentro das minhas contas está dentro
do que se previa.
Folha - Esperava-se, por exemplo, que a Eletropaulo Metropolitana fosse vendida com ágio e ela
foi privatizada pelo preço mínimo.
Matarazzo - O único ponto
com o qual eu não contava é o fato
de a Empresa Bandeirante de
Energia (ex-Eletropaulo) não ter
sido vendida, embora aí eu ache
que tenhamos cometido um erro
ao marcar os leilões de duas empresas grandes no mesmo dia (Metropolitana e Bandeirante).
Folha - O governo encontrou outros problemas. Teve, por exemplo, de adiar a venda da Elektro,
prevista inicialmente para março.
Matarazzo - Sem dúvida. Mas
não foram problemas de preço,
mas problemas operacionais.
Folha - No ano passado, o ex-secretário da Energia David
Zylbersztajn disse à Folha que todas as empresas de energia estariam privatizadas até meados de
98 e estimava a arrecadação do Estado em cerca de R$ 14 bilhões.
Por enquanto, só foram arrecadados R$ 5,526 bilhões com a venda
da CPFL (Companhia Paulista de
Força e Luz) e da Metropolitana.
Matarazzo - Nesse valor não estão incluídas a empresa de geração
da Cesp, que têm grande valor, e a
Bandeirante. Não sei em que contexto ele teria falado isso.
Mas ocorreram alguns problemas. Por exemplo, com relação à
regulamentação do setor elétrico,
que não foi concluída na velocidade que se esperava. Por isso, há dificuldade para vender as empresas
de geração, que não serão privatizadas neste ano.
Folha - A Bandeirante vai ser
transferida para a União?
Matarazzo - A idéia é usar a empresa para o pagamento de dívidas
do Estado com a União. O governo
federal já concordou e falta definir
alguns detalhes. O Estado está disposto a transferir a empresa pelo
preço mínimo de R$ 1,014 bilhão.
Folha - Como será a divisão da
área de geração da Cesp?
Matarazzo - A empresa de
transmissão será desmembrada da
Cesp e a parte de geração será dividida na forma que for melhor para
a privatização.
São 20 usinas. A tendência é criar
uma empresa com as usinas do rio
Tietê, uma do rio Paranapanema,
uma empresa do rio Paraná e uma
empresa do rio Pardo. Esse é o modelo predominante no momento.
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