São Paulo, quinta, 16 de julho de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Andrea Matarazzo diz que equívoco foi ter marcado venda de Metropolitana e Bandeirante no mesmo dia
Secretário vê sucesso, mas admite erro

da Reportagem Local

O secretário da Energia de São Paulo, Andrea Matarazzo, afirma que o governo cometeu um erro ao marcar o leilão de privatização das duas empresas de distribuição de energia da Eletropaulo para o mesmo dia, 15 de abril.
O resultado foi a venda de uma delas, a Metropolitana, pelo preço mínimo, de R$ 2,026 bilhões, e a ausência de interessados na compra da outra, a Bandeirante.
Matarazzo admite que o governo enfrentou outros problemas na privatização do setor. Alguns dos quais não dependem do Estado, como o atraso na regulamentação do setor elétrico, que deve ser feita pelo governo federal.
A parte de geração da Cesp, que incluiu 20 usinas, só será privatizada no próximo ano, afirma Matarazzo. E isso se o governador licenciado, Mário Covas (PSDB), for reeleito.
A seguir, os principais trechos da entrevista concedida por Matarazzo à Folha ontem:

Folha - Que balanço o sr. faz do processo de privatização do setor elétrico em São Paulo?
Andrea Matarazzo -
É um balanço positivo. Com a venda da Elektro hoje, praticamente 80% do setor de distribuição de energia estará privatizado. O ponto fundamental é o claro sinal da modernização do Estado e a transformação de um Estado empresário num Estado regulador e fiscalizador.
O Estado poderá agora concentrar sua atenção e seus recursos em suas atividades típicas de governo, como saúde, educação, saneamento, deixando para o setor privado a operação de alguns serviços públicos. O setor privado tem mais agilidade e mais facilidade para operar essas empresas.
Folha - Mas o governo obteve até agora um valor menor do que o esperado com a privatização das empresas de energia.
Matarazzo -
Eu não acho. Dentro das minhas contas está dentro do que se previa.
Folha - Esperava-se, por exemplo, que a Eletropaulo Metropolitana fosse vendida com ágio e ela foi privatizada pelo preço mínimo.
Matarazzo -
O único ponto com o qual eu não contava é o fato de a Empresa Bandeirante de Energia (ex-Eletropaulo) não ter sido vendida, embora aí eu ache que tenhamos cometido um erro ao marcar os leilões de duas empresas grandes no mesmo dia (Metropolitana e Bandeirante).
Folha - O governo encontrou outros problemas. Teve, por exemplo, de adiar a venda da Elektro, prevista inicialmente para março.
Matarazzo -
Sem dúvida. Mas não foram problemas de preço, mas problemas operacionais.
Folha - No ano passado, o ex-secretário da Energia David Zylbersztajn disse à Folha que todas as empresas de energia estariam privatizadas até meados de 98 e estimava a arrecadação do Estado em cerca de R$ 14 bilhões. Por enquanto, só foram arrecadados R$ 5,526 bilhões com a venda da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) e da Metropolitana.
Matarazzo - Nesse valor não estão incluídas a empresa de geração da Cesp, que têm grande valor, e a Bandeirante. Não sei em que contexto ele teria falado isso.
Mas ocorreram alguns problemas. Por exemplo, com relação à regulamentação do setor elétrico, que não foi concluída na velocidade que se esperava. Por isso, há dificuldade para vender as empresas de geração, que não serão privatizadas neste ano.
Folha - A Bandeirante vai ser transferida para a União?
Matarazzo -
A idéia é usar a empresa para o pagamento de dívidas do Estado com a União. O governo federal já concordou e falta definir alguns detalhes. O Estado está disposto a transferir a empresa pelo preço mínimo de R$ 1,014 bilhão.
Folha - Como será a divisão da área de geração da Cesp?
Matarazzo -
A empresa de transmissão será desmembrada da Cesp e a parte de geração será dividida na forma que for melhor para a privatização.
São 20 usinas. A tendência é criar uma empresa com as usinas do rio Tietê, uma do rio Paranapanema, uma empresa do rio Paraná e uma empresa do rio Pardo. Esse é o modelo predominante no momento.



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