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Maluf usa "estética do medo" em propaganda
PATRICIA ZORZAN
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A estética do medo será a tônica
da campanha malufista à prefeitura paulistana, que começa hoje
no horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio. Tiros, sirenes,
gritos femininos, vidros quebrados, alarmes e cachorros latindo
dão ao programa do candidato
Paulo Maluf o tom típico dos noticiários policiais.
Batizado de ""São Paulo Sem
Medo", o programa começa com
imagens aceleradas de pessoas
sendo algemadas, de carros arrombados, de prisões e de donas
de casa trancando cadeados.
Ao mesmo tempo, estatísticas
sobre a violência na cidade são
apresentadas: um assassinato a
cada 90 minutos, uma mulher assaltada a cada dois minutos, sete
sequestros relâmpagos por dia.
Não por acaso, o tradicional coração, marca registrada das campanhas de Maluf desde 90, foi
abandonado. ""Você acha que há
clima na cidade para isso?", argumenta o publicitário Nelson Biondi, responsável pelo marketing do
ex-prefeito desde 88.
Ao contrário do que ocorreu
nas duas últimas eleições, quando
o pepebista tinha o maior tempo
disponível no horário eleitoral e
artistas e celebridades endossavam sua candidatura, Maluf aparecerá sozinho hoje no vídeo.
Com metade de seu rosto coberto por uma sombra, Maluf discursa de um heliporto na região da
avenida Rebouças, tendo como
cenário uma noite da cidade.
Ciente de que o combate à violência é de competência do governo estadual, Maluf se defende:
""Ouço dos outros candidatos que
isso é demagogia, que segurança
não é assunto para prefeito, que a
Constituição não permite. Enquanto eles discutem, não vou ficar de braços cruzados".
Segundo a Constituição, o policiamento ostensivo é função da
Polícia Militar. Para uma alteração, é necessária a aprovação de
três quintos do Congresso. O PPB
tem hoje apenas 47 deputados e
três senadores.
Para resolver o problema, Maluf, que diz não ser capaz de acabar ""de vez" com a violência, promete pedir ajuda aos governos estadual e federal, ambos do PSDB.
No rádio, o tom sinistro fica por
conta da apresentação do locutor
Gil Gomes, conhecido por sua
participação em programas policiais populares. ""Não, não deixe a
violência ganhar. Vote 11. Vote
Maluf", diz ele, aos gritos.
Na sexta, haverá o testemunho
do ex-comissário de segurança de
Nova York William Bratton, responsável pelo programa de tolerância zero, que reduziu as taxas
de criminalidade em NY.
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