São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2000


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Maluf usa "estética do medo" em propaganda

PATRICIA ZORZAN
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A estética do medo será a tônica da campanha malufista à prefeitura paulistana, que começa hoje no horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio. Tiros, sirenes, gritos femininos, vidros quebrados, alarmes e cachorros latindo dão ao programa do candidato Paulo Maluf o tom típico dos noticiários policiais.
Batizado de ""São Paulo Sem Medo", o programa começa com imagens aceleradas de pessoas sendo algemadas, de carros arrombados, de prisões e de donas de casa trancando cadeados.
Ao mesmo tempo, estatísticas sobre a violência na cidade são apresentadas: um assassinato a cada 90 minutos, uma mulher assaltada a cada dois minutos, sete sequestros relâmpagos por dia.
Não por acaso, o tradicional coração, marca registrada das campanhas de Maluf desde 90, foi abandonado. ""Você acha que há clima na cidade para isso?", argumenta o publicitário Nelson Biondi, responsável pelo marketing do ex-prefeito desde 88.
Ao contrário do que ocorreu nas duas últimas eleições, quando o pepebista tinha o maior tempo disponível no horário eleitoral e artistas e celebridades endossavam sua candidatura, Maluf aparecerá sozinho hoje no vídeo.
Com metade de seu rosto coberto por uma sombra, Maluf discursa de um heliporto na região da avenida Rebouças, tendo como cenário uma noite da cidade.
Ciente de que o combate à violência é de competência do governo estadual, Maluf se defende: ""Ouço dos outros candidatos que isso é demagogia, que segurança não é assunto para prefeito, que a Constituição não permite. Enquanto eles discutem, não vou ficar de braços cruzados".
Segundo a Constituição, o policiamento ostensivo é função da Polícia Militar. Para uma alteração, é necessária a aprovação de três quintos do Congresso. O PPB tem hoje apenas 47 deputados e três senadores.
Para resolver o problema, Maluf, que diz não ser capaz de acabar ""de vez" com a violência, promete pedir ajuda aos governos estadual e federal, ambos do PSDB.
No rádio, o tom sinistro fica por conta da apresentação do locutor Gil Gomes, conhecido por sua participação em programas policiais populares. ""Não, não deixe a violência ganhar. Vote 11. Vote Maluf", diz ele, aos gritos.
Na sexta, haverá o testemunho do ex-comissário de segurança de Nova York William Bratton, responsável pelo programa de tolerância zero, que reduziu as taxas de criminalidade em NY.


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