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Alckmin se isola ao defender o "fatiamento"
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), corre o
risco de ficar isolado na defesa
que faz do "fatiamento" da reforma tributária. Esse "fatiamento"
significa enviar o projeto em partes para apreciação e votação dos
deputados e senadores. De seis
governadores ouvidos pela Agência Folha, apenas o tucano paulista defende essa forma de encaminhamento da reforma ao Congresso. Os demais preferem que a
votação seja de uma só vez.
Os interesses específicos de cada
Estado estão fazendo os governadores perderem a unidade. Por
meio de sua assessoria, Alckmin
disse que o "fatiamento" pode facilitar a tramitação no Legislativo.
Seu colega de partido, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, afirmou anteontem ser "fundamental" que haja consenso entre os governadores, mas acredita
que o "fatiamento" não é a melhor forma. Na quarta-feira, Aécio
disse que o "fatiamento" poderia
repetir agora o que ocorreu na
gestão de Fernando Henrique
Cardoso, quando questões como
CPMF (imposto do cheque) e
DRU (Desvinculação de Receitas
da União) foram separadas e o
governo abandonou a reforma.
E há mais divergências. O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), faz coro ao colega mineiro em favor da aprovação de uma só vez. "Eu acho que
nós devemos manter os termos
do que foi acordado nas reuniões
que realizamos com o presidente
da República. Temos aí um conjunto de pontos já discutidos. Não
vejo como algo positivo o "fatiamento"."
Marconi Perillo (PSDB-GO), representante do Centro-Oeste,
também já se pronunciou contrário ao "fatiamento". Também é
contra essa idéia o governador de
Santa Catarina, Luiz Henrique da
Silveira (PMDB). "A reforma tributária foi fruto de três reuniões
do presidente com os governadores. Eu não acredito que o governo Lula pretenda fatiá-la sem ouvir os governadores."
O governador do Ceará, Lúcio
Alcântara (PSDB), esteve anteontem em Brasília para conversar
com o ministro José Dirceu (Casa
Civil) sobre a reforma tributária.
"Eu penso que essa idéia de que
vamos aprovar algumas coisas e
deixar o resto para o outro ano
não funciona. O que vai ser aprovado é o que for agora, depois é
muito difícil aprovar alguma coisa."
(TIAGO ORNAGHI, PAULO PEIXOTO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JAIRO MARQUES e KAMILA FERNANDES)
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