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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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Alckmin se isola ao defender o "fatiamento"

DA AGÊNCIA FOLHA

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), corre o risco de ficar isolado na defesa que faz do "fatiamento" da reforma tributária. Esse "fatiamento" significa enviar o projeto em partes para apreciação e votação dos deputados e senadores. De seis governadores ouvidos pela Agência Folha, apenas o tucano paulista defende essa forma de encaminhamento da reforma ao Congresso. Os demais preferem que a votação seja de uma só vez.
Os interesses específicos de cada Estado estão fazendo os governadores perderem a unidade. Por meio de sua assessoria, Alckmin disse que o "fatiamento" pode facilitar a tramitação no Legislativo.
Seu colega de partido, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, afirmou anteontem ser "fundamental" que haja consenso entre os governadores, mas acredita que o "fatiamento" não é a melhor forma. Na quarta-feira, Aécio disse que o "fatiamento" poderia repetir agora o que ocorreu na gestão de Fernando Henrique Cardoso, quando questões como CPMF (imposto do cheque) e DRU (Desvinculação de Receitas da União) foram separadas e o governo abandonou a reforma.
E há mais divergências. O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), faz coro ao colega mineiro em favor da aprovação de uma só vez. "Eu acho que nós devemos manter os termos do que foi acordado nas reuniões que realizamos com o presidente da República. Temos aí um conjunto de pontos já discutidos. Não vejo como algo positivo o "fatiamento"."
Marconi Perillo (PSDB-GO), representante do Centro-Oeste, também já se pronunciou contrário ao "fatiamento". Também é contra essa idéia o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB). "A reforma tributária foi fruto de três reuniões do presidente com os governadores. Eu não acredito que o governo Lula pretenda fatiá-la sem ouvir os governadores."
O governador do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), esteve anteontem em Brasília para conversar com o ministro José Dirceu (Casa Civil) sobre a reforma tributária. "Eu penso que essa idéia de que vamos aprovar algumas coisas e deixar o resto para o outro ano não funciona. O que vai ser aprovado é o que for agora, depois é muito difícil aprovar alguma coisa." (TIAGO ORNAGHI, PAULO PEIXOTO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JAIRO MARQUES e KAMILA FERNANDES)


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