São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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TODA MÍDIA - NELSON DE SÁ

Campanhas paralelas

Enquanto ameaça com o controle da cobertura, o governo vai pondo o seu dinheiro na propaganda.
Ontem começou nas redes uma campanha do Banco do Brasil. Segundo o "Painel", serão 43 comerciais para mostrar o estímulo do banco a produtos de exportação.
Por exemplo, algodão. Com a cantora Luciana Mello, filha de Jair Rodrigues, como garota-propaganda:
- Algodão brasileiro na Europa. Mundo pequeno. Ou é o Brasil que está crescendo?
Pergunta, é claro, retórica. Lula já havia respondido pelos eleitores-telespectadores no pronunciamento em rede nacional, outro esforço publicitário de Duda Mendonça:
- Não há mais dúvida, estamos finalmente iniciando um ciclo de crescimento.
"A data" do pronunciamento, como observou Franklin Martins na Globo News, "foi escolhida a dedo". A data da campanha do banco, também.
Luciana Mello mostrou a carne brasileira na Bélgica, o algodão na Áustria. E avisou que será assim todo domingo, numa volta ao mundo nos intervalos do Fantástico.
Ambos, Lula e Luciana, surgem às vésperas do horário eleitoral numa campanha que o PT, na manchete de ontem da Folha, quer federalizar.
O governador Geraldo Alckmin, no site da Agência Estado, respondeu que "o povo é sábio" e consciente de que "a eleição federal é em 2006".
É esperar demais do povo.

 

O horário eleitoral começa amanhã, só com candidatos a vereador. O impacto maior será na quarta-feira, com os candidatos a prefeito.
Mas quarta-feira é também o dia do "jogo da paz", aquele que Lula e Ricardo Teixeira, presidente da CBF, armaram para o Haiti com as maiores estrelas do futebol brasileiro.
Até na cobertura de rádio já se questiona a partida. Wanderley Nogueira, da Jovem Pan, antes elogiava e agora critica a "propaganda". Lula estará lá, ao lado dos jogadores. Dizem que dará até o pontapé inicial. Viajou ontem à tarde para o Caribe, como noticiou a CBN.
Entre voltar sua atenção aos jogadores ou aos prefeituráveis, "o povo" e o Jornal Nacional nem devem titubear.
E vem aí mais federalização. Como escreveu Kennedy Alencar, ontem na Folha Online, "Lula aguarda com paciência o resultado do PIB no primeiro semestre".
Sai no fim do mês, em "hora estratégica do ponto de vista eleitoral -segunda semana do horário gratuito".
E vem mais, no que já parece um cronograma que vai até a eleição. A revista "Veja" noticia que "o governo prepara uma supercomemoração" para o 7 de Setembro. Com menos ordem unida e mais espetáculo, inclusive um carro de Fórmula 1 de Ayrton Senna.
O mesmo Banco do Brasil, da nova campanha iniciada ontem, já foi chamado a "colaborar". Vai ser um show.

VENDAS

Reprodução


Ecoando discursos de Lula, a campanha do Banco do Brasil mistura "valores" com êxito no comércio externo

Serra e Maluf
José Serra inicia o horário eleitoral visando, segundo a Folha, "congelar o atual cenário que o coloca no segundo turno" em São Paulo. Em seu favor, o maior tempo de todos.
O marqueteiro de Paulo Maluf, com um quinto do tempo de Serra, diz não se preocupar porque seu candidato "é bastante conhecido".
Segundo "O Globo", a saúde será prioridade de ambos, na propaganda.
PFL em 2006
O ex-presidente José Sarney, segundo "O Globo", está "preocupado" que o PSDB não consiga passar para o segundo turno em São Paulo, o que enfraqueceria a oposição.
Pelo sim, pelo não, o PFL está em estudos para sua "refundação" após o pleito. Segundo a Agência Nordeste, Jorge Bornhausen quer "mudar para permitir que pessoas de qualidade" entrem no partido e o tornem "alternativa de poder, não mais mero coadjuvante".
Oligarquia
Em destaque no site do PT, ontem, uma foto do venezuelano Hugo Chávez ao receber o apoio de petistas, em Caracas. Lula pode manter distância protocolar, mas seu partido só faz pensar em Chávez, em aposta arriscada de vitória no plebiscito. Uma passagem, por exemplo:
- A oligarquia, a turma do andar de cima parece estar condenada à derrota.
No Brasil, os petistas já esqueceram tal retórica.
Chávez e os EUA
Retórica é o que não falta a Chávez, mas é só conversa. Antiamericano da boca para fora, ele trata a cobertura americana melhor do que todas as outras, com entrevistas exclusivas da CNN ao "Los Angeles Times" e quem mais quiser.
Mas ao menos no Estado da Flórida, no "Miami Herald" e em sua versão em espanhol, "El Nuevo Herald", a cobertura do plebiscito venezuelano, até ontem, foi abertamente contrária a Chávez.


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