São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Senado "cria caso" ao investigar Renan, afirma presidente

Para Lula, documentos de defesa do senador não são aceitos; ele não vê atrasos nas votações e nega articular eventual sucessão

"Nossa relação é mais que política; é pessoal", comenta presidente do Senado, após encontrar-se com o petista em almoço no Itamaraty

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou ontem a crise em torno de Renan Calheiros (PMDB-AL), dizendo que o prolongamento da história só interessa a quem quer "criar caso". Segundo Lula, o Senado poderia ter resolvido tudo "em uma semana".
"Isso é um assunto que o Senado poderia ter resolvido em uma semana. Não sei por que não resolveram. É o típico caso de gente que acha que, quanto pior, melhor", declarou.
Lula e o presidente do Senado se encontraram ontem durante almoço realizado pelo Itamaraty em homenagem ao presidente do Benin, Yayi Boni. Os dois conversaram de forma descontraída por segundos.
Indagado sobre eventual substituição do senador no cargo, Lula disse que "isso é um problema do Senado" e negou que o governo esteja "se mexendo" nos bastidores. Lula resumiu a situação atual da seguinte maneira: "Estou vendo pela imprensa que o Renan apresenta documentos em sua defesa e não aceitam".
Minutos depois, em conversa com jornalistas, Lula disse que o ritmo de votações do Senado não tem prejudicado o governo. "O Senado está votando tudo, votou um monte de coisas na semana passada."
Segundo a presidência do Senado, foram 207 projetos votados e 191 aprovados. DEM e PSDB anunciaram nesta semana que irão obstruir a pauta de votação enquanto Renan estiver presidindo a Casa.
"O presidente já fez isso umas quatro ou cinco vezes. Nossa relação é mais do que política, é uma relação pessoal. Ele deixou claro que não tem compromisso com o erro. Se houve erro de minha parte, ele não está obrigado a me defender, ele não tem compromisso com o erro", afirmou Renan, ao voltar ao Congresso.
O peemedebista disse ser "um homem como outro qualquer, sujeito a erros, a defeitos, a pecados". E acrescentou: "Mas, diante deles, me comporto com dignidade e altivez". Pouco antes do almoço, o senador disse que, "depois de 80 dias de crise", está ficando "com o couro mais resistente."
Como presidente do Senado, Renan pode ter papel importante no projeto que mais assusta o governo neste momento: o da renovação da CPMF.
O petista já o havia defendido em outras ocasiões. Na semana passada, disse que "já está na hora" de o caso chegar ao fim. Renan responde a três representações no Senado.
À noite, sem citar Renan, Lula criticou a imprensa. "Acho desagradável quando alguém é execrado na primeira página do jornal sem ter feito a apuração correta, apenas porque alguém foi lá e achou que é."


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