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Possibilidade de demissão entra em proposta sobre agências
Favoráveis defendem que decisão passe pelo Congresso
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A criticada atuação da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) na crise do setor aéreo levou a possibilidade de demissão de diretores de agências por
incompetência a ser incluída
no projeto de lei que trata do
funcionamento desses órgãos.
Em comissão geral da Câmara (espécie de audiência pública ampliada), a idéia foi defendida por deputados, diretores
de agências, representantes do
setor privado e apoiada pelo governo. A demissão seria pedida
pelo presidente da República,
mas, para se concretizar, teria
de passar pelo Congresso.
"Quando ficar claro que, por
falta de competência, o interesse público não estiver sendo
atendido, tem que haver a possibilidade de demissão", disse o
deputado Leonardo Picciani
(PMDB), relator do projeto.
"No caso da aviação civil, os
outros órgãos envolvidos tiveram o comando trocado. A
agência não consegue tomar
medidas que atendam o interesse da sociedade e que ajudem a resolver a crise", disse.
Ainda segundo Picciani, será
preciso critérios objetivos para
que haja pedido de demissão.
"O presidente não pode não
gostar da gravata do diretor e
querer substituí-lo", disse. O
deputado sugeriu como motivo
o não cumprimento de metas
estabelecidas para as agências.
A aprovação da demissão seria
por maioria absoluta: 257 votos
na Câmara e 41 no Senado.
O governo apóia a idéia e não
vê riscos de instabilidade. "Desde que qualificado com precisão o motivo [para demissão]
não haveria problema", disse
Luiz Alberto dos Santos, sub-chefe de Assuntos Governamentais da Casa Civil. "Isso já
existe no Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] e não gerou problema."
Para Fernando Xavier, ex-presidente da Telefônica no
Brasil e presidente do Conselho de Infra-Estrutura da
Fiesp, incompetência é motivo
suficiente para demitir diretores de agência. "Incompetência
é um motivo sólido para demissão. Mas ela tem que ser bem
arrazoada, objetiva e com a palavra final do Congresso."
Os diretores Jerson Kelman,
da Aneel (energia), e Haroldo
Lima, da ANP (petróleo), concordaram com a demissão por
incompetência, havendo motivos claros e decisão final do
Congresso. A Anac não participou da sessão na Câmara.
Enquanto a Câmara tratava
da possibilidade de demissão
de diretores, a CCJ do Senado
aprovou, em segundo turno, a
proposta que garante a autonomia das agências e a estabilidade dos diretores. A proposta
volta ao plenário do Senado. Se
aprovada, ainda precisa passar,
em dois turnos, pela Câmara.
Colaboraram FELIPE SELIGMAN E RANIER
BRAGON , da Sucursal de Brasília
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