São Paulo, Segunda-feira, 16 de Agosto de 1999
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PAINEL

Mui amigo
Covas está contrariado com Malan, que sugeriu a Pitta exigir do Estado de São Paulo ações da Sabesp. Os títulos seriam uma compensação pelo fato de a prefeitura paulistana ter abdicado do suposto direito de explorar o sistema de abastecimento de água e de esgoto.

Jogo casado
Pitta usaria as ações para abater a dívida de R$ 8,45 bilhões da prefeitura, que está sendo renegociada com a União. Malan tem interesse no acordo, pois 33% da dívida são débitos com o Banespa, o que inviabiliza a privatização do banco.

Reação federal
José Carlos Dias (Justiça) mandou anteontem a PF voltar a dar proteção ao prefeito de Rio Maria (PA), Argemiro Silva, retirada quando o PMDB perdeu o ministério. A PF argumentou que tinha deixado a PM em seu lugar. Agora, as duas polícias vão acompanhar Silva, que sofreu dois atentados.

E aí, Covas?!

A bancada tucana de SP está irada com a Receita. O órgão fixou regras na MP da Ford que vão arrasar a indústria de autopeças. ""Se é para fechar o setor, deveriam avisar", diz Kapaz, que pretende emendar a MP.

Também queremos

Depois que ACM recebeu um agrado do governo (caso Ford), Marco Maciel (PFL) e Jarbas Vasconcelos (PMDB) devem ganhar um presente. O BNDES deve dar recursos para uma grande obra em Pernambuco.

Não exagere

ACM mandou um recado para Benito Gama (PFL): não tentar passar perante empresários de SP como o grande articulador da instalação da Ford na Bahia. Gama quer atrair outras empresas para seu Estado.

Os franciscanos

Além da ameaça de fazer um bloco com o PL, o PTB espalhou que poderia se fundir ao PDT. O Planalto não acreditou muito, mas resolveu dar cargos para acabar com as chantagens.

Soltou os cachorros

Às vésperas do julgamento sobre o massacre de Eldorado de Carajás, o governador Almir Gabriel (PSDB) soltou a PM do Pará em cima do PT, que administra Belém. Divergem sobre a abertura de uma avenida. O incidente deve ter reflexos nas discussões sobre alianças entre o PSDB e o PT em 2000.


Terceira onda

A pronta intervenção de FHC acabou com o tiroteio público que derrubava a Bolsa, mas a pressão contra Malan continua nos bastidores. Os tucanos, que tinham a expectativa de mudança na Fazenda até o final do ano, apenas tiraram o pé do acelerador. Temporariamente.

Rede de intrigas

Os tucanos não gostaram do tom que Pedro Parente (Casa Civil) usou para classificar as opiniões de Mendonção sobre a política econômica, que considerou "irrelevantes". Mas FHC, que ficou fulo com os ataques do ex-ministro a Malan (Fazenda), assinou embaixo.


Saudade do golfe

Luiz Felipe Lampreia (Itamaraty) teve de jogar duro com os argentinos, mas não se adaptou ao novo figurino. Está doido para vestir o modelo antigo, de fala mansa. Mas a agenda de contenciosos não tem deixado.

Ameaça ruralista
Lideranças ruralistas dizem que o efeito será pior, caso o governo do DF tente impor restrições ao caminhonaço amanhã na Esplanada dos Ministérios. Ameaçam fechar o trânsito em vários pontos de Brasília, congestionando toda a cidade.

Homenagem

O advogado Miguel Reale Jr. receberá hoje o prêmio Alceu Amoroso Lima de Direitos Humanos. O reverendo James Wright será homenageado postumamente. E um projeto de educação do MST também será premiado. O evento ocorre no teatro João Antonio, às 18h, Rio.

TIROTEIO

Do deputado João Hermann, do PPS de Ciro, sobre Itamar ter anunciado que vai desviar o curso de rios mineiros para impedir a privatização de Furnas:
- Itamar está querendo dar uma de Moisés, que separou o Mar Vermelho. Só espero que não seja engolido pelas águas, como foi o exército egípcio.

CONTRAPONTO

Idéia fixa
O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Reginaldo de Castro, foi há dez dias à Câmara fazer uma palestra sobre a reforma do Judiciário para os alunos de um curso de políticas públicas.
Num determinado instante, Reginaldo de Castro passou a analisar - e a criticar - o processo de escolha dos juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos. Os nomes indicados sofrem uma rigorosa investigação e são sabatinados no Congresso.
Empolgado, o presidente da OAB afirmou:
- Considero nazista o sistema de sabatina dos EUA para os membros da Suprema Corte. O FMI vai fundo na vida do indicado, chegando até a avaliar o momento de sua concepção. É um exagero!
Timidamente, no fundo da sala, um aluno levantou o braço e perguntou:
- É FMI ou FBI?
Castro caiu em si:
- É FBI. Estou tão traumatizado com o FMI que acabei trocando as bolas!

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