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INFERNO ASTRAL
Eucatex, empresa da família do pepebista, também passa por má fase
Maluf enfrenta crise nos negócios
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local
Não foi só como político que
Paulo Maluf teve dissabores nos
últimos meses. A empresa que ele
controla, a Eucatex, deverá completar em 1999 o quinto ano consecutivo de prejuízos e teve que
buscar novos acionistas para levantar R$ 79,8 milhões e tentar diminuir os problemas causados
pelo alto endividamento.
No ano passado, Maluf foi derrotado, no segundo turno, nas
eleições para governador de São
Paulo e viu seu partido, o PPB,
sair enfraquecido das urnas.
Em meio a acusações, rompeu
com o afilhado Celso Pitta e foi
envolvido em um escândalo
quando um funcionário municipal veio a público dizer que é avô
de uma suposta filha de Maluf.
Sem cargo público desde que
deixou a prefeitura paulistana em
31 de dezembro de 1996, Maluf
acabou se envolvendo nos últimos meses na administração da
Eucatex, que controla por meio
da holding Pasama Participações.
Fabricante de chapas de fibra de
madeira e de outros materiais de
construção, a Eucatex enfrenta dificuldades -perdeu participação
no mercado, por exemplo- desde meados desta década, em parte
por causa da sucessão de crises
econômicas do país, mas também
porque tomou muito dinheiro
emprestado.
Maluf não exerce cargo na companhia, nem faz parte do seu conselho de administração. Desde
dezembro de 1996, quando ele e
sua mulher, Sylvia, compraram as
ações da Eucatex que eram de outras pessoas da família Maluf, a
empresa é administrada pelos
seus dois filhos, Flávio, como presidente, e, Otávio, como vice-presidente geral.
Flávio Maluf está promovendo
uma série de mudanças administrativas e na gama de produtos fabricados, tendo cortado 1.500
postos de trabalho, mas ainda não
conseguiu torná-la lucrativa. Em
1999, os prejuízos foram de R$
34,7 milhões, somando R$ 101,4
milhões em três anos.
Em 1998, a dívida era de R$
210,5 milhões, e só com juros e
amortização dos empréstimos foram gastos R$ 45,7 milhões, um
volume elevado para uma companhia que faturou R$ 275,3 milhões em termos líquidos.
A desvalorização do real, em janeiro, piorou a curto prazo a situação da empresa porque 55%
dos empréstimos que a Eucatex
tinha tomado eram em dólar. Em
março, o endividamento correspondia a cerca de 80% do seu patrimônio líquido.
"O doutor Paulo é o acionista
majoritário da empresa e participou muito intensamente do início
da vida da Eucatex. Na condição
de acionista, participou de algumas decisões recentes, mas nada
em caráter formal", diz José Antonio Goulart de Carvalho, vice-presidente executivo.
A principal decisão tomada foi
aumentar seu capital. Ou seja,
conseguir dinheiro de investidores (que compraram ações da Eucatex) para pagar as dívidas bancárias.
Na semana passada, foi completado o lançamento de ações, organizado pelo Unibanco, e que levantou R$ 79,8 milhões para a Eucatex.
Para o Unibanco, fazer o lançamento de ações era interessante
porque o setor de materiais de
construção deverá experimentar
uma fase de expansão das vendas
e as exportações tendem a crescer
com a ajuda da desvalorização,
diz Álvaro Sá Freire, diretor do
banco. Com o aumento de capital,
a empresa voltará a ser competitiva, afirma Carvalho.
Os novos acionistas da empresa
são investidores institucionais,
como fundos de pensão e de investimentos. Antes do lançamento das novas ações, o fundo de
pensão do Banco do Brasil, Previ,
já tinha 8,75% do capital.
A família Maluf não entrou com
mais dinheiro -ou seja, terá diminuída sua participação no capital da empresa.
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