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MISÉRIA
Economista é contra imposto
Para Ipea, 5% do PIB
erradicaria pobreza
da Sucursal do Rio
Estimativa do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada)
indica que 5% do PIB (Produto
Interno Bruto) do Brasil -o
equivalente a R$ 35 bilhões- seriam suficientes para diminuir as
desigualdades sociais e erradicar
a pobreza no país.
De acordo com o economista
Ricardo Henriques, do Ipea, eliminar a pobreza no país "não é fácil, mas é viável".
Ele cita, como exemplo, o fato
de que o governo já emprega
anualmente cerca de R$ 36 bilhões entre programas de renda
mínima, além de saúde, educação
e qualificação profissional.
Pelos cálculos do instituto, cerca
de 57 milhões de brasileiros -o
equivalente a 35% da população- estão, atualmente, abaixo
da linha de pobreza, ou seja, têm
rendimento médio mensal de até
meio salário mínimo.
Desse total, segundo pesquisa
do instituto, de 16 a 17 milhões de
pessoas vivem em condições de
miséria absoluta.
Ricardo Henriques afirma que,
com R$ 35 bilhões por ano, os pobres do país garantiriam ao menos R$ 100 por mês.
"É financeiramente viável acabar com a pobreza, pois os recursos que já são aplicados em programas sociais cobrem isso", disse o economista.
Para ele, a solução do problema
não estaria na criação de um novo
imposto. "Um novo imposto não
parece ser o caminho ideal para
redesenhar a política social brasileira. Por um lado, novos impostos carecem de credibilidade social e nada garante que os novos
recursos serão direcionados de
forma correta", afirmou.
Henriques defende que o combate à pobreza seja desvinculado
da necessidade de crescimento
econômico, sustentando uma
teoria que ele chama de "dilema
do fermento".
"Pode-se reduzir a desigualdade e, a partir daí, diminuir significativamente a pobreza, sem ter de
esperar o bolo crescer para depois
dividi-lo. Isso é fundamental num
cenário de globalização, em que
crescer é muito difícil", afirmou.
Na semana passada, Henriques
coordenou no Rio o seminário
"Desigualdade e Pobreza no Brasil", que reuniu cerca de 60 pesquisadores, entre economistas,
sociólogos e demógrafos.
No encerramento do seminário,
anteontem, o senador Eduardo
Suplicy (PT-SP) defendeu a criação de projeto conjunto do governo com o Ipea ou o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para que seja
estabelecida uma "linha oficial de
pobreza" no país.
Segundo o senador, a "linha"
poderia ser definida pelo "mínimo suficiente para a sobrevivência das pessoas".
Suplicy defende que esse patamar sirva de referência para que o
governo informe quantas pessoas
realmente estão abaixo da linha
de pobreza no país e qual a meta a
ser definida para a erradicação do
problema.
(RONALDO SOARES)
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