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Ministro quer fim de "ameaça" para negociar
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, disse
ontem que as negociações com o
MST serão reabertas assim que o
movimento suspender a "ameaça" de invadir a fazenda Córrego
da Ponte, pertencente aos filhos
do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Jungmann entende por "ameaça" a presença dos militantes do
MST na região próxima à fazenda, em Buritis (MG). Anteontem,
eles desmontaram as barracas
que estavam diante da porteira da
propriedade e recuaram para
uma área a 16 km do local.
O ministro afirmou que, após o
retorno dos sem-terra para seus
acampamentos, as lideranças do
MST serão imediatamente convocadas para retomar a negociação.
"Quero conversar, mas não
quero ir para a mesa de negociação sob ameaça. Se eles saírem de
manhã, de tarde já estaremos negociando", declarou.
Para Jungmann, o recuo dos
sem-terra não alterou o clima de
tensão no local porque, devido à
distância a que se encontram da
fazenda, eles podem retornar, segundo afirmou, "em questão de
minutos" para invadi-la. "Na verdade, eles saíram do local, mas
mantiveram a pressão. Então, não
mudou a situação anterior", disse.
Segundo o ministro, caso ocorra a desmobilização dos militantes, o superintendente estadual do
Incra agendará de imediato duas
reuniões com as lideranças do
MST -uma para discutir a pauta
local e outra, a pauta nacional.
Jungmann esteve ontem pela
manhã em Praia Grande para
participar da abertura do seminário da Força Sindical que criará a
Força da Terra -espécie de braço
rural da central, que pretende se
tornar uma alternativa ao MST.
O ministro disse que esteve no
seminário a convite dos organizadores, mas negou que a nova entidade -cuja proposta privilegia a
negociação, em detrimento das
ocupações de terra- venha a se
tornar o interlocutor preferencial
do governo na questão agrária.
"Antevejo sucesso, mas (a Força
da Terra) ainda não tem envergadura para isso. Não posso desconsiderar a Contag e o MST. É uma
questão de correlação de forças."
O assessor político da Força Sindical Fernando Salgado disse que
o seminário de Praia Grande, que
reuniu cerca de 500 lideranças rurais "independentes" e se encerra
hoje, vai resultar na formação de
uma coordenação provisória e na
formulação de um documento
com propostas básicas.
A central marcou audiências
para a semana que vem com
Jungmann e com FHC para apresentar formalmente o documento
ao governo.
"Nossa proposta é integrar produção, industrialização e comercialização. Não vamos entrar em
antagonismos ideológicos com o
MST", afirmou o assessor.
O ato oficial de fundação da
Força da Terra, segundo Salgado,
acontecerá em aproximadamente
dois meses, em Brasília, onde a
Força Sindical pretende reunir 15
mil pessoas.
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