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Sem-terra estão armados, diz líder
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Jaime Amorim, líder do MST
em Pernambuco, afirmou ontem
que os sem-terra acampados em
Igarassu, no Grande Recife, utilizaram armas de fogo em um confronto com policiais militares na
madrugada de anteontem.
Amorim disse que os lavradores
poderão voltar a utilizar armas
em outros quatro acampamentos
onde, segundo o MST, existem
PMs trabalhando como seguranças a serviço de fazendeiros.
"Se os trabalhadores não tivessem atirado, teria havido um
massacre de 60 famílias", disse.
Um sargento da PM, Reideclildon
Paulo da Silva, 28, morreu afogado em um açude. Segundo a polícia, ele se afogou ao tentar escapar
de um ataque dos sem-terra.
Amorim negou qualquer envolvimento dos sem-terra na morte
do policial. Segundo ele, o sargento se afogou porque "estava participando de uma ação clandestina,
um despejo ilegal".
A polícia nega que tenha havido
confronto. Segundo a PM, o sargento estava de folga e pretendia
pescar de madrugada no açude,
próximo ao acampamento, em
companhia de dois soldados e um
professor de musculação.
O "ataque" dos sem-terra, na
versão da PM, teria ocorrido às
3h20. Para escapar dos tiros, os
quatro pescadores teriam pulado
dentro do açude, que tem cinco
metros de profundidade.
Depois da morte do sargento, o
acampamento do MST foi destruído. Cinco trabalhadores rurais foram detidos e liberados
após prestar depoimento. Quatro
espingardas dos lavradores foram
entregues à perícia. Segundo o capitão Chusa Júnior, assessor da
PM, os policiais não eram pistoleiros, não depredaram o acampamento, não agrediram nem atiraram contra os sem-terra.
"Não houve confronto", declarou. "Quando os quatro chegaram ao açude, eles (os acampados) apitaram, fizeram sinais e
atiraram", disse. "Os policiais correram, pularam na água, mas o
sargento não sabia nadar."
O delegado que apura o caso,
José Izolino Neto, constatou a
existência de escoriações e hematomas nos lavradores detidos.
Eles foram encaminhados para
exames no IML, em Recife.
Neto tem dúvidas sobre as causas do suposto conflito, porque
não foram encontrados os apetrechos de pesca que os policiais supostamente estariam usando.
Os cinco acampados que, segundo o MST, haviam desaparecido após o conflito, foram localizados ontem, sem ferimentos, em
Araçoiaba. Segundo o MST, novos conflitos podem ocorrer no
engenho Bananeiras (Quipapá),
na fazenda Moreira (Toritama),
no engenho São Francisco (Vitória de Santo Antão), e na fazenda
Chicão (Riacho das Almas).
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