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Valério não explicou
destino de R$ 1,89 mi
FERNANDA KRAKOVICS
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um balanço da CPI dos Correios indica uma diferença de R$
1,89 milhão entre os empréstimos
concedidos pelo Banco Rural a
empresas do publicitário mineiro
Marcos Valério Fernandes de
Souza e os valores de fato sacados
ou transferidos para terceiros no
esquema de caixa dois montado
por Valério e pelo PT.
Segundo estudo divulgado ontem pelo sub-relator da movimentação financeira da CPI, Gustavo Fruet (PSDB-PR), o problema reside numa conta da SMPB
Comunicação que recebeu R$
32,2 milhões de empréstimos do
Rural, mas passou, por meio de
396 cheques, R$ 30,3 milhões nas
operações de caixa dois ou "mensalão" para pessoas ou empresas.
A diferença coloca em xeque a
versão apresentada pela dupla
Valério-Delúbio à Procuradoria
Geral da República, Polícia Federal e CPI dos Correios para justificar os saques milionários na boca
do caixa das contas das agências
de publicidade de Valério. Segundo os dois, todo o dinheiro dos
empréstimos obtidos pelas empresas de Valério, R$ 55,94 milhões, foram para o PT e partidos
aliados indicados por Delúbio.
No quadro divulgado ontem
pela CPI, a diferença total apontada é de R$ 5,8 milhões, mas os
próprios técnicos da CPI admitiram que não levaram em conta,
para a elaboração dessa tabela, o
destino de R$ 3,9 milhões já apontado à corretora de valores Bônus-Banval, de São Paulo. Segundo Valério, a corretora recebia os
recursos destinados ao PT.
Ocultação
A principal hipótese averiguada
pelos técnicos da CPI para explicar a diferença de R$ 1,8 milhão é
que Valério esteja ocultando, por
algum motivo, beneficiários de
peso que receberam esse dinheiro
no esquema do caixa dois do PT.
Em depoimentos, em entrevistas e em comunicados emitidos
por seus representantes, Marcos
Valério já repetiu que todo o dinheiro emprestado foi repassado
ao esquema do PT.
A CPI também revelou que depósitos de R$ 180 milhões nas empresas de Valério continuam sem
a correta identificação.
O balanço listou os maiores depositantes identificados nas contas das empresas (para todos as
agências de Valério atuam como
clientes diretos ou indiretos):
Banco do Brasil (R$ 369,5 milhões), empresas de telefonia (R$
150 milhões), Visanet (R$ 91,4 milhões), governo do Distrito Federal (R$ 74,2 milhões), Eletronorte
(R$ 41,4 milhões), Tesouro Nacional (R$ 44,5 milhões), cujos valores se referem às contas publicitárias dos ministérios do Trabalho e
dos Esportes, Banco Rural (R$ 40
milhões), Correios (R$ 36 milhões), governo de Minas Gerais
(R$ 30,4 milhões), Usiminas R$
26 milhões), Fiat Automóveis (R$
21 milhões) e Assembléia Legislativa de Minas (R$ 16,5 milhões).
A movimentação financeira total das empresas de Valério (entrada e saída de dinheiro) atingiu
R$ 4,9 bilhões no período 2000-2005. No caso das agências de publicidade, apenas uma parte, normalmente 10%, fica efetivamente
com as empresas. O restante é
gasto no pagamento dos meios de
comunicação que divulgam as peças publicitárias.
A movimentação financeira das
empresas de Valério, segundo a
CPI dos Correios, saltou de R$ 331
milhões, no ano 2000, para R$
1,53 bilhão no ano de 2004.
O maior crescimento nos créditos das empresas coincide com o
início do governo de Luiz Inácio
Lula da Silva. O valor total pulou
de R$ 692 milhões, em 2002, para
R$ 1,3 bilhão em 2003.
Telefonia
Na reunião administrativa de
ontem, a CPI também divulgou os
dados de chamadas dadas e recebidas relativos a 3.181 linhas telefônicas de 36 pessoas e empresas
investigadas pela CPI.
A comissão aguarda ainda os
dados de oito empresas de telefonia. Os dados da Telefônica e da
Vivo estão "em processo de correção", segundo a CPI.
Dados extraídos pela comissão
da quebra dos sigilos dos aparelhos celulares indicam que Silvio
Pereira, ex-secretário geral do PT,
recebeu 35 chamadas da construtora OAS e procedeu 16 chamadas
para a empresa. Silvio também fez
28 e recebeu três ligações da construtora Norberto Odebrecht.
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