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GOVERNO
Planalto quer prioridade a projeto sobre autonomia do Banco Central
FHC pede a líderes empenho para transição no Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso pediu ontem, durante almoço com líderes do governo, empenho na aprovação de
uma "pauta de transição" para o
Congresso. Entre as prioridades,
está o projeto de autonomia do
Banco Central, que depende de
uma mudança constitucional autorizando a regulamentação, por
partes, do sistema financeiro.
FHC também pediu aos líderes
que facilitem a negociação do Orçamento de 2003 com o novo governo após as eleições. Depois da
reunião, líderes confirmaram que
só após o segundo turno haverá
votações na Câmara e no Senado.
De acordo com o vice-líder do
governo no Senado, Romero Jucá
(PSDB-RR), o efeito das "incertezas eleitorais" na atual crise financeira foi discutido no encontro, e
FHC apontou a autonomia do BC
como forma de restaurar a confiança dos investidores externos.
"Discutimos a questão do cenário econômico, essa incerteza por
conta das eleições. Existe um projeto, que já deveria ter sido votado
na Câmara e que trata da autonomia do BC, que seria um sinalizador importante. Possivelmente
será votado após as eleições."
"Disparate"
Segundo o senador Artur da Távola (PSDB-RJ), líder no Senado,
o presidente também pediu que
não houvesse "demoras" ou "dificuldades" na articulação do Orçamento com o novo governo.
Para Távola, é necessário ouvir
também a opinião do candidato
José Serra (PSDB-PMDB) sobre a
regulamentação do sistema financeiro. Hoje, o artigo 192 da Constituição determina que um projeto de lei complementar regulamentará todo o sistema financeiro. A Proposta de Emenda Constitucional que modifica esse ponto está em tramitação na Câmara.
Até agora não há acordo para a
votação. O líder do PT na Câmara,
João Paulo Cunha (SP), afirmou
que o partido concorda em mudar a parte do texto que permite a
regulamentação do sistema financeiro por mais de uma lei.
A bancada do PT quer manter
todo o detalhamento do sistema
financeiro na Constituição: funcionamento dos bancos, organização do Banco Central, participação de capital estrangeiro e juros de 12% ao ano. Para o líder do governo na Câmara, deputado
Arnaldo Madeira (PSDB-SP), a
manutenção da taxa de juros na
Constituição é um "disparate".
A discussão é que o PT vê na
proposta do governo brechas para a independência do BC. "Nós
assumimos o compromisso de
que a regulamentação do BC será
feita em acordo com o futuro governo ou será feita pelo futuro governo", disse Madeira.
Além disso, FHC orientou os líderes a dar prioridade na liberação da pauta da Câmara. Até o final deste mês, 30 MPs vão trancar
a pauta e têm de ser apreciadas.
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