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Pessimismo "irrita", diz presidente
LEILA SUWWAN
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reação aos cenários duvidosos de mudança levantados na hipótese de vitória do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso se disse "irritado" e fez
uma defesa pública da manutenção de um projeto "consensual"
de crescimento e desenvolvimento, independentemente de quem
vença a corrida ao Planalto.
"Há um sentimento no Brasil
todo de que é preciso seguir nesta
direção de uma sociedade mais
coesa, de uma sociedade mais
igualitária, mais educada, que
acabe com a exclusão. E também
é consensual -aí sim já há até reconhecimento- de que estamos
fazendo estas transformações
dentro da democracia."
E completou: "As instituições
estão cada vez mais fortes. Estão
tão fortes que eu fico irritado
quando ouço aqui e ali que: "Ah,
mas, se ganhar fulano ou beltrano...". Se ganhar fulano ou beltrano não vai acontecer nada! Vai
continuar o caminho que é nosso,
da sociedade brasileira", afirmou
FHC, em discurso ontem na cerimônia de posse da nova diretoria
da CNI (Confederação Nacional
da Indústria), em Brasília.
"Claro que cada um de nós quer
que ganhe um ou outro, isso é natural, mas nós queremos mais que
tudo que ganhe o Brasil", completou FHC, lembrando que não se
pode apenas ficar "reclamando".
FHC falou para um público de
cerca de 500 empresários e políticos, além de 11 ministros de Estado. Também estavam presentes o
presidente do PT, José Dirceu, e o
candidato a vice-presidente do
PT, José Alencar (PL).
Apesar de reconhecer que a crise que o Brasil enfrenta é "grave" e
que o país não atingiu os resultados desejados, o presidente disse
que seus críticos estão com a
"poeira do pessimismo" nos
olhos e não conseguem ver os
avanços do país.
"Não podemos deixar que a
poeira do pessimismo impeça
que nós vejamos o que está acontecendo aqui. Pode ser muito melhor, mas está acontecendo. Não
quero aqui dizer que as coisas são
cor-de-rosa, as dificuldades são
muitas. A crise está aí, e a crise externa é grave. E não se sabe para
que lado vai, e nós vamos ter que
nos preparar. Mas já superamos
cinco crises em oito anos e, não
obstante, os resultados não são os
que nós queríamos, mas estão aí."
Crescimento
FHC lembrou que o país teve
um crescimento acumulado de
30% nos últimos nove anos e reforçou sua afirmação de que o
Brasil está reagindo à sua vulnerabilidade externa com o aumento
das exportações e do saldo da balança comercial.
"O que não podemos é: primeiro, não crescer; segundo, não nos
conformarmos com a taxa de
crescimento que temos; terceiro,
não deixar que o pessimismo nos
impeça de ver o que já está acontecendo neste país", disse.
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