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BRASIL PROFUNDO
Cerca de 30 menores trabalhavam em fazenda de pimenta no PA
Mais 180 são encontrados em condições de escravidão
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal e o Ministério
do Trabalho encontraram cerca
de 180 pessoas trabalhando há
quatro meses em regime análogo
à escravidão em uma fazenda de
Dom Eliseu, no Pará, na divisa
com o Maranhão.
As pessoas não recebiam salários, viviam em condições precárias e, entre elas, havia crianças de
4 a 10 anos que participavam da
colheita de pimenta-do-reino.
A fazenda, chamada Senor, tem
participação da empresa Sipef,
com sede na Bélgica. Os policiais e
fiscais estão no local desde a semana passada e só ontem foram
expedidas carteiras de trabalho
para os trabalhadores adultos.
A ONG maranhense Centro de
Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia, que acionou as autoridades, deve encaminhar denúncia à Comunidade
Econômica Européia acusando a
empresa de não respeitar as leis
brasileiras e explorar mão-de-obra infantil. Parte da pimenta é
exportada para a Europa.
Os menores de idade -cerca de
30, segundo a ONG- viviam
com suas famílias, que haviam sido recrutadas nas cidades próximas para colher a safra com a promessa de que receberiam por produção: R$ 0,12 pelo quilo de pimenta. Segundo os trabalhadores,
o valor foi reduzido a R$ 0,10
quando chegaram à fazenda.
Além disso, não podiam acompanhar a pesagem e eram obrigados
a aceitar os valores informados
pelos gerentes. O pagamento, que
deveria ser mensal, nunca chegou
a ser feito, segundo relataram.
"Não sabemos se a empresa era
a responsável direta pela exploração. Podem ter sido gerentes, o
que não exime a empresa de responsabilidade", disse Carmen
Bascaran, do Centro de Defesa,
que recebeu, dia 18, trabalhadores
que diziam ter fugido da Senor
acusados de roubar pimenta e
ameaçados por capatazes.
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