São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2002

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Alckmin leva vantagem sobre petista no eleitorado feminino

LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender das mulheres, Geraldo Alckmin (PSDB) já ganhou. Para os homens, o novo governador seria, ainda que por vantagem mínima, José Genoino (PT). Isso é o que mostra o detalhamento da primeira pesquisa do Datafolha no segundo turno em São Paulo.
Muitas vezes acusado de inexpressivo por adversários, o que no atual governador desperta o gosto feminino? Independentemente da preferências políticas, há pelo menos três explicações: Alckmin teria a seu favor a imagem de "bom moço", uma tendência conservadora de parte do eleitorado feminino e, conforme especialista em publicidade, o jeitão de pai que as mulheres tanto gostam.
No levantamento do Datafolha, o atual governador tem a preferência de 56% das mulheres, ao passo que Genoino fica com os 36%. Quanto aos homens, as posições se invertem: Genoino tem 48% e Alckmin, 45%. No total, o tucano tem 50%, e o petista, 42%
São as mulheres que lhe garantem a maioria. Não que ele seja propriamente um sedutor: "Os dois candidatos não são sedutores", diz a psicóloga Ana Verônica Mautner. "Mas Geraldo aparenta uma delicadeza de movimentos muito grande, é médico, político. As mulheres adoram isso. É o genro que toda mãe gostaria de ter". Quanto a Genoino, diz a psicóloga, este se apresenta "menos lapidado". "Ele é um homem para entrar numa briga, o Geraldo para um passeio romântico de barco."
Outro aspecto que agradaria as mulheres, segundo Ana Verônica, é comum tanto a Alckmin quanto a Genoino: "Nenhum dos dois usa a mulher como "bengala'".
O publicitário Alexandre Gama, presidente da agência Neogama, diz que Alckmin transmite a sensação de alguém "paternalista, confiável", algo que as mulheres perceberiam melhor. "Não acho que tenha a ver com atração física. A preferência pode ser apenas por causa da plataforma eleitoral, mas no nível emocional ele passa essa coisa contemporizadora."
Sobre Genoino, Gama vê elementos que fazem com que ele chame a atenção do homem: "Certamente o homem se identifica mais com a sua postura agressiva, que é bem expressiva, e seu espírito de discussão. Isso faz parte do universo masculino".
Numa análise dessa vantagem de Alckmin, o sociólogo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, encontra mais um exemplo de um paradoxo que já havia constatado: "Ao mesmo tempo em que a mulher tem assumido uma nova atitude, tem se inserido de uma forma nova na sociedade, com muito mais responsabilidades e poder de decisão, ela forma um segmento onde ainda há um conservadorismo muito forte."
Para Paulino, esse conservadorismo, que levaria ao voto contra o PT, é maior em estratos específicos: "Alckmin tem 63% das intenções de voto entre as donas-de-casa. Esse número puxa o total para o lado mais conservador".


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