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Alckmin leva vantagem sobre petista no eleitorado feminino
LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender das mulheres, Geraldo Alckmin (PSDB) já ganhou.
Para os homens, o novo governador seria, ainda que por vantagem
mínima, José Genoino (PT). Isso é
o que mostra o detalhamento da
primeira pesquisa do Datafolha
no segundo turno em São Paulo.
Muitas vezes acusado de inexpressivo por adversários, o que no
atual governador desperta o gosto
feminino? Independentemente
da preferências políticas, há pelo
menos três explicações: Alckmin
teria a seu favor a imagem de
"bom moço", uma tendência
conservadora de parte do eleitorado feminino e, conforme especialista em publicidade, o jeitão de
pai que as mulheres tanto gostam.
No levantamento do Datafolha,
o atual governador tem a preferência de 56% das mulheres, ao
passo que Genoino fica com os
36%. Quanto aos homens, as posições se invertem: Genoino tem
48% e Alckmin, 45%. No total, o
tucano tem 50%, e o petista, 42%
São as mulheres que lhe garantem a maioria. Não que ele seja
propriamente um sedutor: "Os
dois candidatos não são sedutores", diz a psicóloga Ana Verônica
Mautner. "Mas Geraldo aparenta
uma delicadeza de movimentos
muito grande, é médico, político.
As mulheres adoram isso. É o
genro que toda mãe gostaria de
ter". Quanto a Genoino, diz a psicóloga, este se apresenta "menos
lapidado". "Ele é um homem para
entrar numa briga, o Geraldo para
um passeio romântico de barco."
Outro aspecto que agradaria as
mulheres, segundo Ana Verônica,
é comum tanto a Alckmin quanto
a Genoino: "Nenhum dos dois
usa a mulher como "bengala'".
O publicitário Alexandre Gama,
presidente da agência Neogama,
diz que Alckmin transmite a sensação de alguém "paternalista,
confiável", algo que as mulheres
perceberiam melhor. "Não acho
que tenha a ver com atração física.
A preferência pode ser apenas por
causa da plataforma eleitoral, mas
no nível emocional ele passa essa
coisa contemporizadora."
Sobre Genoino, Gama vê elementos que fazem com que ele
chame a atenção do homem:
"Certamente o homem se identifica mais com a sua postura agressiva, que é bem expressiva, e seu
espírito de discussão. Isso faz parte do universo masculino".
Numa análise dessa vantagem
de Alckmin, o sociólogo Mauro
Paulino, diretor-geral do Datafolha, encontra mais um exemplo
de um paradoxo que já havia
constatado: "Ao mesmo tempo
em que a mulher tem assumido
uma nova atitude, tem se inserido
de uma forma nova na sociedade,
com muito mais responsabilidades e poder de decisão, ela forma
um segmento onde ainda há um
conservadorismo muito forte."
Para Paulino, esse conservadorismo, que levaria ao voto contra
o PT, é maior em estratos específicos: "Alckmin tem 63% das intenções de voto entre as donas-de-casa. Esse número puxa o total
para o lado mais conservador".
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