São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES

Caso se confirme as cassações de deputados, suplentes da oposição vão assumir cargos

Posse de suplentes poderá causar baixa na base aliada

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As renúncias e cassações de mandato que devem ocorrer nos próximos dias poderão levar à Câmara mais um deputado federal acusado de envolvimento no "mensalão" e provocar baixas na base governista devido aos partidos dos suplentes.
O cenário é desenhado a partir da lista dos suplentes dos 12 deputados governistas ameaçados de cassação, além do eventual suplente ex-ministro José Dirceu (PT-SP), que já enfrenta processo no Conselho de Ética. O prazo para os 13 parlamentares -o 13º é Roberto Brant (PFL-MG), da oposição- renunciarem ao mandato e evitarem correr risco de cassação expira amanhã.
Na relação dos possíveis suplentes que herdariam uma cadeira na Câmara, aparece Adhemar de Barros Filho (PP-SP), que ganharia o posto em caso de cassação ou renúncia de Vadão Gomes (PP-SP) e Wanderval Santos (PL-SP), que integram a lista dos cassáveis.
Suplente imediato tanto de Vadão quanto de Wanderval, o pepista Barros Filho aparece como beneficiário de dois cheques administrativos da empresa Guaranhuns, nos valores de R$ 88 mil e R$ 78 mil, ambos depositados em sua conta no dia 21 de março de 2003. O pepista diz não saber como o dinheiro apareceu na sua conta (leia texto abaixo).
A Guaranhuns é apontada pela CPI dos Correios como uma das empresas de fachada supostamente usadas para intermediar o repasse de recursos de Marcos Valério a petistas e aliados.
O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou que caso o pepista assuma o mandato deverá "ocorrer o mesmo rito" dos demais acusados. "Na minha visão, atinge a instituição do mesmo jeito e, se assumir, logo em seguida ou um partido entra [no Conselho de Ética] ou a CPI manda para a direção da Câmara", disse.
Caso nenhum suplente desista de assumir um eventual mandato, a saída dos acusados de participar do "mensalão" também reduziria a base governista na Casa. Pelo menos 4 dos 12 cassáveis, além de Dirceu, têm suplentes hoje em siglas de oposição.
É o caso de Pedro Corrêa (PE) e Pedro Henry (MT), ambos do aliado PP, cujos suplentes viriam do PFL ou do PDT. Os dois suplentes possíveis para a vaga de Corrêa são os pefelistas Salatiel Souza Carvalho e Joel de Hollanda. No caso de Henry, o suplente é o ruralista Helmute Lawisch, que trocou o PFL pelo PDT.
O mesmo cenário aconteceria com o PT, que tem seis deputados entre os cassáveis. Pelo menos dois suplentes estão hoje no PPS: Wagner Rubinelli (SP) e Alexandre Silveira (MG). O último, aliás, trocou o PL pelo PPS e entregou nesta semana o cargo de diretor do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Assumiria caso João Magno saísse.
Há ainda outra possibilidade de baixa na base, envolvendo José Janene (PP-PR). Ele cederia espaço para Nelton Friedrich, que trocou o PDT pelo PT. Caso Friedrich recuse a vaga, abriria espaço para uma série de suplentes do PDT.
Outro cassável é José Borba (PMDB-PR), cujo suplente imediato é o ex-ministro Reinhold Stephanes, também do PMDB. Atual secretário de Planejamento do governo paranaense, Stephanes afirma que não exercerá o eventual mandato. Na fila do pefelista Roberto Brant (MG) estão José Elias Murad (PSDB) e Homero dos Santos (PFL).


Colaborou MARTA SALOMON, da Sucursal de Brasília


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