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VIAGEM AO EXTERIOR
Também em Salamanca, presidente do México anuncia mudanças na concessão de vistos para brasileiros
Venezuela entra no Mercosul em dezembro
DO ENVIADO ESPECIAL A SALAMANCA
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais,
Marco Aurélio Garcia, disse ontem que a Venezuela deve participar da próxima cúpula do Mercosul, em dezembro, já na condição
de membro pleno do bloco.
A Venezuela é um Estado associado ao Mercosul (mesma condição do Chile, do Peru e da Bolívia)
desde a reunião de Puerto Iguazú,
em 8 de julho de 2004. O ingresso
causou surpresa na época porque
a Venezuela não tinha concluído
nem sequer um acordo de livre
comércio com o Mercosul.
Apesar disso, o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, país
que ocupa a presidência do bloco,
Reinaldo Gargano, disse ontem à
Agência France Presse que todos
os membros do Mercosul já concordaram com o ingresso da Venezuela como membro pleno.
México
O presidente do México, Vicente Fox, disse ontem à Folha que
haverá novidades em breve na
questão da exigência de visto para
cidadãos brasileiros entrarem em
seu país, imposta recentemente,
ao que tudo indica por pressão
norte-americana, ante a avalanche de brasileiros que usam o México para tentar entrar ilegalmente nos EUA. Fox não entrou em
detalhes. "Estamos conversando e
haverá novidades", disse.
Antes, em entrevista coletiva,
Fox havia dito que "o México está
ao lado dos mexicanos que emigram, mas está também ao lado
dos migrantes de outros países".
A Folha perguntou por que, então, impor visto aos migrantes
brasileiros. Fox: "Estava me referindo à migração ordenada, legal,
em fluxos bem organizados".
A resposta de Fox coincide com
a visão quase poética que seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da
Silva expôs ao discursar ontem no
encerramento da 15ª Cúpula Ibero-Americana: "Entre nós, o fluxo
de gente em busca de um novo lar
e de novas oportunidades não
constitui historicamente um problema. Contribui seguramente
para a diversificação da paisagem
humana de uma região marcada
pelo encontro das civilizações".
É pouco provável que os parentes dos africanos que tentam invadir a Europa e são mortos nos
muros construídos pela Espanha
ou dos latino-americanos que
morrem na tentativa de passar do
México para os Estados Unidos
concordem em que são "diversificação da paisagem humana".
O problema é que há uma dupla
visão a respeito do problema migratório, que Fox chegou a classificar de "o tema do século 21". No
lado rico do mundo, vê-se uma
horda de bárbaros do Terceiro
Mundo a tentar saltar todas as
barreiras. Do lado pobre do mundo, vê-se o que Fox chamou de
"energia" dos migrantes, chegando a citar um empresário espanhol (José Hidalgo) que migrou
para o México e tornou-se tão
próspero que hoje pretende investir pesado no país de abrigo.
Lula, ao lembrar como o Brasil
recebeu bem migrantes de tão diferentes procedências, pediu que
os países desenvolvidos ajam da
mesma forma com os latinos.
Mas o chileno Ricardo Lagos
preferiu reconhecer os fatos como
eles são realmente, ao dizer que a
migração se dá porque muita gente "vê a esperança além das fronteiras de seu próprio país". Mas
todos coincidem em pedir tratamento mais justo para os migrantes, como diz Lagos: "Queremos
combater as exclusões em nossos
países, o que é um problema nosso, mas queremos também combatê-las no plano internacional".
(CLÓVIS ROSSI)
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