São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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VIAGEM AO EXTERIOR

Também em Salamanca, presidente do México anuncia mudanças na concessão de vistos para brasileiros

Venezuela entra no Mercosul em dezembro

DO ENVIADO ESPECIAL A SALAMANCA

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que a Venezuela deve participar da próxima cúpula do Mercosul, em dezembro, já na condição de membro pleno do bloco.
A Venezuela é um Estado associado ao Mercosul (mesma condição do Chile, do Peru e da Bolívia) desde a reunião de Puerto Iguazú, em 8 de julho de 2004. O ingresso causou surpresa na época porque a Venezuela não tinha concluído nem sequer um acordo de livre comércio com o Mercosul.
Apesar disso, o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, país que ocupa a presidência do bloco, Reinaldo Gargano, disse ontem à Agência France Presse que todos os membros do Mercosul já concordaram com o ingresso da Venezuela como membro pleno.

México
O presidente do México, Vicente Fox, disse ontem à Folha que haverá novidades em breve na questão da exigência de visto para cidadãos brasileiros entrarem em seu país, imposta recentemente, ao que tudo indica por pressão norte-americana, ante a avalanche de brasileiros que usam o México para tentar entrar ilegalmente nos EUA. Fox não entrou em detalhes. "Estamos conversando e haverá novidades", disse.
Antes, em entrevista coletiva, Fox havia dito que "o México está ao lado dos mexicanos que emigram, mas está também ao lado dos migrantes de outros países". A Folha perguntou por que, então, impor visto aos migrantes brasileiros. Fox: "Estava me referindo à migração ordenada, legal, em fluxos bem organizados".
A resposta de Fox coincide com a visão quase poética que seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva expôs ao discursar ontem no encerramento da 15ª Cúpula Ibero-Americana: "Entre nós, o fluxo de gente em busca de um novo lar e de novas oportunidades não constitui historicamente um problema. Contribui seguramente para a diversificação da paisagem humana de uma região marcada pelo encontro das civilizações".
É pouco provável que os parentes dos africanos que tentam invadir a Europa e são mortos nos muros construídos pela Espanha ou dos latino-americanos que morrem na tentativa de passar do México para os Estados Unidos concordem em que são "diversificação da paisagem humana".
O problema é que há uma dupla visão a respeito do problema migratório, que Fox chegou a classificar de "o tema do século 21". No lado rico do mundo, vê-se uma horda de bárbaros do Terceiro Mundo a tentar saltar todas as barreiras. Do lado pobre do mundo, vê-se o que Fox chamou de "energia" dos migrantes, chegando a citar um empresário espanhol (José Hidalgo) que migrou para o México e tornou-se tão próspero que hoje pretende investir pesado no país de abrigo.
Lula, ao lembrar como o Brasil recebeu bem migrantes de tão diferentes procedências, pediu que os países desenvolvidos ajam da mesma forma com os latinos.
Mas o chileno Ricardo Lagos preferiu reconhecer os fatos como eles são realmente, ao dizer que a migração se dá porque muita gente "vê a esperança além das fronteiras de seu próprio país". Mas todos coincidem em pedir tratamento mais justo para os migrantes, como diz Lagos: "Queremos combater as exclusões em nossos países, o que é um problema nosso, mas queremos também combatê-las no plano internacional". (CLÓVIS ROSSI)



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