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Multidão aplaude Lula na Espanha
DO ENVIADO ESPECIAL A SALAMANCA
Salamanca proporcionou a Lula um pequeno banho de multidão espontânea, o que, no Brasil,
tem que ser preparado.
No fim de uma lânguida tarde
de sol, após vários dias de chuva e
cinza, os salmantinos saíram à
rua, postaram-se diante do colégio Fonseca, onde os governantes
ibero-americanos fizeram sua cúpula, predispostos ao aplauso,
menos para seu próprio chefe de
governo, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, vaiado na véspera e de novo ontem.
Lula, não. Mal apontou na porta
do renascentista Fonseca (1525),
começou a ser aplaudido pelo público. Feliz da vida, acenou, sorrindo muito enquanto se dirigia
aos jornalistas brasileiros amontoados na calçada oposta aos salmantinos.
O pequeno banho de multidão e
a suposição, muito difundida no
Brasil, de que a crise acabou não
fizeram Lula mudar o discurso
sobre a reeleição.
"Não tenho nenhuma decisão
sobre reeleição. Votei contra na
Constituinte de 1988, e prefiro que
o presidente da República, a partir de 2010, tenha um mandato
um ano maior, sem reeleição."
Nem as pesquisas mais recentes
que indicam que a sua popularidade pelo menos parou de cair o
comovem: "Não me preocupo
com pesquisas. Faço questão de
não comentar pesquisas quando
tenho cem ou quando tenho zero,
porque pesquisa mostra o resultado de um momento".
Encerradas as cenas explícitas
de jornalismo, habituais em viagens presidenciais, seja quem for
o presidente, Lula cruzou a rua
para saudar os salmantinos, ainda
mais alegre.
Ouviu aplausos até de uma família inteira, 15 pessoas, que estava na sacada do primeiro andar
em um dos prédios em frente ao
Fonseca. Devolveu as palmas com
acenos largos, cumprimentou um
a um alguns dos que se apertavam
contra o cordão de segurança e,
como sempre acontece em qualquer lugar do mundo, ouviu dois
sotaques brasileiros, um gaúcho e
um nordestino.
O nordestino saiu da boca de
Heisenberg Neto, 29, estudante de
engenharia em Madri, que resolveu espiar a cúpula com a namorada espanhola, Olga, 26. "Lula
está conseguindo que se fale mais
do Brasil", acha. "A gente brasileira é muito simpática", reforça Olga, em seu portunhol.
(CR)
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