São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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Multidão aplaude Lula na Espanha

DO ENVIADO ESPECIAL A SALAMANCA

Salamanca proporcionou a Lula um pequeno banho de multidão espontânea, o que, no Brasil, tem que ser preparado.
No fim de uma lânguida tarde de sol, após vários dias de chuva e cinza, os salmantinos saíram à rua, postaram-se diante do colégio Fonseca, onde os governantes ibero-americanos fizeram sua cúpula, predispostos ao aplauso, menos para seu próprio chefe de governo, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, vaiado na véspera e de novo ontem.
Lula, não. Mal apontou na porta do renascentista Fonseca (1525), começou a ser aplaudido pelo público. Feliz da vida, acenou, sorrindo muito enquanto se dirigia aos jornalistas brasileiros amontoados na calçada oposta aos salmantinos.
O pequeno banho de multidão e a suposição, muito difundida no Brasil, de que a crise acabou não fizeram Lula mudar o discurso sobre a reeleição.
"Não tenho nenhuma decisão sobre reeleição. Votei contra na Constituinte de 1988, e prefiro que o presidente da República, a partir de 2010, tenha um mandato um ano maior, sem reeleição."
Nem as pesquisas mais recentes que indicam que a sua popularidade pelo menos parou de cair o comovem: "Não me preocupo com pesquisas. Faço questão de não comentar pesquisas quando tenho cem ou quando tenho zero, porque pesquisa mostra o resultado de um momento".
Encerradas as cenas explícitas de jornalismo, habituais em viagens presidenciais, seja quem for o presidente, Lula cruzou a rua para saudar os salmantinos, ainda mais alegre.
Ouviu aplausos até de uma família inteira, 15 pessoas, que estava na sacada do primeiro andar em um dos prédios em frente ao Fonseca. Devolveu as palmas com acenos largos, cumprimentou um a um alguns dos que se apertavam contra o cordão de segurança e, como sempre acontece em qualquer lugar do mundo, ouviu dois sotaques brasileiros, um gaúcho e um nordestino.
O nordestino saiu da boca de Heisenberg Neto, 29, estudante de engenharia em Madri, que resolveu espiar a cúpula com a namorada espanhola, Olga, 26. "Lula está conseguindo que se fale mais do Brasil", acha. "A gente brasileira é muito simpática", reforça Olga, em seu portunhol. (CR)


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