São Paulo, quinta, 16 de outubro de 1997.




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PT
Dirigente atribui suspeita à luta interna
Dinheiro do MST é citado em denúncia

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

O MST (Movimento dos Traba lhadores Rurais Sem-Terra) foi envolvido na polêmica que motivou a instalação de uma comissão de ética do PT para investigar as ações de Valter Pomar, um dos vice-presidentes do partido.
Em correspondência que oficialmente motivou a abertura de investigação, o editor Breno Altman acusa Pomar de ter se "apropriado por alguns dias" de um dinheiro que o MST teria enviado à editora Scritta (então de Altman), para pagar a edição do livro "Os Brasiguaios", de Cácia Cortez.
A assessoria de imprensa do MST informou que não localizou dirigentes do movimento que poderiam esclarecer a questão.
A comissão de ética contra Pomar foi instalada a pedido de Paulo Frateschi, secretário de Organização do PT paulista. A solicitação é baseada em "indícios de irregularidades" com dinheiro do partido quando Pomar dirigia a "Teoria e Debate", revista de elaboração teórica do partido.
Altman disse que está impedido eticamente de se pronunciar sobre o caso enquanto ele estiver pendente nas instâncias do PT.
Pomar, um dos líderes da "esquerda" do PT, emitiu nota em que contesta os objetivos de Frateschi, seguidor de Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu na luta interna do PT.
O dirigente petista reclamou de ainda não ter sido comunicado oficialmente da instalação da comissão de ética, reafirmou que não praticou irregularidades e se declarou aberto a uma investigação sobre a destinação que deu ao dinheiro do PT quando comandava a revista.
"Não me comportarei como alguns, que pressionam as instâncias para escapar dos procedimentos partidários", diz um trecho da nota de Pomar.
No PT, a interpretação que se dá ao texto de Pomar é que o dirigente, ao citar pressões para evitar comissões de ética, estava se referindo a Lula, que tentou impedir que seu amigo Roberto Teixeira respondesse a uma por causa do caso Cpem.
Pomar e Altman mantinham uma antiga relação pessoal e política, que foi rompida por divergências trabalhistas e políticas. Pomar foi funcionário da empresa de Altman.



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