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VIAGEM OFICIAL
Ministro das Comunicações apresenta documentos sobre sua viagem a Madri e diz que pagou estada
Após sete dias, Mendonça divulga fatura
da Sucursal de Brasília
Uma semana depois da revelação de que a Telefónica de Espanha pagou por sua hospedagem
em Madri, o ministro Luiz Carlos
Mendonça de Barros (Comunicações) divulgou ontem documentos para tentar demonstrar que as
despesas foram pagas por ele.
Conforme reportagem publicada pela Folha na última sexta-feira, Mendonça ficou hospedado no
Palace Hotel.
A diária foi faturada contra a
agência de viagens El Corte Inglés,
contratada pela Telefónica de Espanha, multinacional que comprou a empresa de telefonia fixa da
Telesp e a Tele Sudeste Celular no
leilão de privatização do Sistema
Telebrás.
Entre os documentos apresentados pelo ministro está uma fatura
do Palace Hotel do último dia 8,
no total de 31.663 pesetas (ou US$
231,05). A fatura, em nome do ministro, indica que a conta foi paga
com cartão de crédito.
O valor inclui diária da suíte 136
(27 mil pesetas ou US$ 197,01),
gastos com telefone e frigobar
(2.592 pesetas ou US$ 18,92) e impostos (2.071 pesetas ou US$
15,12). No último sábado, procurado pela Folha em Paris, o ministro dissera ter pago uma conta de
22.700 pesetas.
Na mesma entrevista em Paris,
afirmara não ter feito nenhum telefonema -a fatura apresentada
ontem mostra um gasto de 1.192
pesetas com ligações.
O preço normal do quarto em
que Mendonça se hospedou é US$
1.126 (veja tabela de preços do hotel em anexo). De acordo com a
reportagem da Folha, a fatura referente à estada de Mendonça de
Barros no Palace Hotel totalizou
US$ 520, já com desconto. Ainda
conforme a reportagem, o ministro pagou apenas os gastos extras
(que somaram cerca de US$ 200,
valor compatível com o que o diz
ter pago).
Essas informações foram confirmadas, em diálogo gravado, na recepção do Palace, na quinta-feira
da semana passada, após o ministro deixar o hotel. Depois, a reportagem apurou junto a funcionários da agência de viagens e da
multinacional espanhola que a Telefónica havia feito o pagamento
da diária (leia trechos das gravações abaixo).
Entre os documentos divulgados
ontem por Mendonça, há uma
carta do Palace Hotel à agência de
viagens El Corte Inglés (que atende a multinacional espanhola) informando que ele pagou toda a fatura com cartão de crédito.
Além disso, foi divulgada uma
carta da Telefónica endereçada ao
ministro, que traz em anexo comunicação interna da empresa. Os
documentos reiteram que as despesas foram pagas por Mendonça
(leia as íntegras abaixo).
No comunicado interno, a Telefónica faz questão de anotar que,
além do quarto do ministro, equipado com sala de reuniões, a empresa reservou, em seu próprio
nome, uma outra sala para eventuais encontros com dirigentes da
empresa.
O ministro em nenhum momento fez reunião no hotel, segundo
declarou em Paris e em São Paulo.
A Folha somente o viu se reunir
com empresários no prédio-sede
da Telefónica, na Gran Via (região
central da capital espanhola).
Por ser um cliente tradicional da
agência e do hotel, a Telefónica de
España diz ter obtido um desconto
sobre a diária do Palace.
Como a diária da suíte que ocupou era de US$ 1.126 (sem café da
manhã, impostos e serviços) e a
fatura divulgada ontem indica o
pagamento de U$ 197,01, o desconto obtido teria sido de aproximadamente 82%.
Mendonça também divulgou
uma nota oficial esclarecendo que
havia sido autorizado por FHC a
viajar para Roma, Paris, Minneapolis e Nova York.
Porém, Mendonça de Barros foi
convidado pela operadora a comparecer em Madri para fazer uma
exposição da situação econômica
brasileira, aceitou e incluiu a cidade no seu roteiro.
O orçamento para a viagem somava R$ 4.704,48, fora passagens.
O vice-líder do PPS na Câmara,
Colbert Martins (BA), apresenta
hoje à Comissão de Fiscalização e
Controle um pedido de convocação do ministro sobre o caso.
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