São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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Segundo diálogos, empresa pagou diária

da Redação

Leia a seguir os trechos das conversas entre repórteres da Folha com os funcionários que negociaram a estada de Mendonça de Barros em Madri.

O diálogo a seguir ocorreu entre a Folha no Brasil e uma funcionária do Palace, na segunda-feira, dia 5 de outubro. A repórter não se identifica como jornalista, e a funcionária supõe que ela trabalha para o governo brasileiro.

Folha - Quanto custa a diária?
Funcionária -
Para uma pessoa, 44 mil pesetas. Aproximadamente US$ 340, mais IVA (imposto), sem café da manhã.
Folha - Incluindo o café da manhã, quanto fica?
Funcionária -
Aproximadamente US$ 390.
Folha - A senhora poderia confirmar a reserva que foi feita em nome do senhor Luiz Carlos Mendonça de Barros? Quem fez foi a Telefónica de España, para o dia 7.
Funcionária -
Dia 7? Depois de amanhã? Estamos lotados. Já tem a reserva?
Folha - Sim. Só gostaria de confirmar.
Funcionária -
O sobrenome, como é?
Folha - Mendonça de Barros. Quem fez a reserva foi a Telefónica de España.
Funcionária -
Não encontro a reserva. Como se escreve, exatamente? (repórter soletra o sobrenome) Ah, aqui está. De Mendoza. Mas a Telefónica reservou outro tipo de apartamento. Reservou uma suíte.
Folha - Uma suíte? E quanto custa a suíte?
Funcionária -
Aproximadamente US$ 520.
Folha - Incluindo café da manhã?
Funcionária -
Sim.
Folha - Gostaria de confirmar outra coisa. Quem vai pagar a conta? A Telefónica vai pagar a conta? Poderia verificar se será a Telefónica ou se nós é que faremos o pagamento?
Funcionária -
Não sei quem vai pagar, mas quem nos vai pagar é uma agência de viagens. O senhor não tem que pagar nada aqui. O senhor Mendonça, quando vier, não terá que pagar nada.
Folha - Por que ele não terá que pagar?
Funcionária -
Porque alguém paga para senhor Mendonça. Pode ser a Telefónica, mas, daqui, a fatura vai para a agência de viagem, El Corte Inglés. Quando senhor Mendonça sair daqui não paga nada. Somente terá que pagar telefonemas e coisas extras.

A seguir, gravação feita pela enviada da Folha a Madri na recepção do hotel, na manhã do dia 8, depois da saída de Mendonça de Barros. A repórter, informada que o ministro havia pago US$ 200 em extras, não se identifica e tenta pagar os extras.
Folha - Eu acho que ele não vai nos deixar pagar pelos extras porque foi só US$ 200. Você tem certeza que foi isso?
Funcionário -
Estou certo que o senhor Mendonça pagou apenas os extras. E o El Corte Inglés pagou pelo quarto. Havia uma diferença entre o quarto, e eles pagaram a diferença. O quarto e o café da manhã eles pagaram, o El Corte Inglés pagou.

Depois, a repórter ligou para a agência El Corte Inglés no prédio-sede da Telefónica e pediu para falar com quem havia pago a estada do ministro. Foi encaminhada para Marta, secretária do diretor de Relações Institucionais, Carlos Sieiro.
Folha - Eu estou saindo de Madri. Gostaria de mandar flores para a pessoa que pagou pela estada de Mendonça de Barros.
Secretária -
Ah, o ministro, sim. O nome do chefe é Carlos Sieiro. S-I-E-I-R-O.



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