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CRIME ORGANIZADO
Novos pedidos de prisão vão atingir de 35 a 40 pessoas supostamente ligadas a Hildebrando
Procuradores ampliam denúncias no AC
WILLIAM FRANÇA
enviado especial a Rio Branco
Procuradores da
República encaminham hoje à Justiça
Federal do Acre pedido de prisão preventiva de um novo
grupo ligado ao tráfico de drogas
no Estado. Entre 35 e 40 pessoas
podem ser denunciadas.
A lista vai incluir empresários e
pode até mesmo relacionar políticos e pessoas envolvidas com a
chamada "parte financiadora" do
narcotráfico, também ligada à
"lavagem" de dinheiro.
A identificação foi obtida a partir de depoimentos de traficantes
(quatro conseguiram benefícios
do Programa Nacional de Proteção a Testemunhas) e com a quebra dos sigilos dos denunciados.
Alguns traficantes deram o roteiro da entrada, transporte e "exportação" da droga para outros
Estados e até avaliaram a qualidade da cocaína.
Segundo um traficante, a droga
boliviana que entra no país via
Guajará-Mirim (RO) é de melhor
qualidade -cada quilo de pasta
de cocaína rende seis quilos de pó.
A pior é a que entra via Cobija, cidade boliviana na fronteira com o
Acre -cada quilo de pasta rende
no máximo três quilos de pó.
A Folha apurou que, até a próxima sexta-feira, haverá prisões
em todo o Estado, especialmente
em cidades fronteiriças com o Peru, como Cruzeiro do Sul.
A denúncia, com o pedido de
prisão preventiva, foi concluída
no último fim-de-semana pelo
procurador federal José Roberto
Figueiredo Santoro. Ele viajou a
Rio Branco especialmente para
concluir os trabalhos, junto com
outros três procuradores e com a
Polícia Federal.
O pedido de prisão preventiva
será encaminhado ao juiz federal
Pedro Francisco da Silva, da 2ª
Vara. Ele foi o responsável pela
decretação da prisão do deputado
cassado Hildebrando Pascoal e de
mais 41 pessoas, ligadas tanto ao
narcotráfico como ao grupo de
extermínio supostamente liderado pelo ex-deputado.
Da nova lista, meia dúzia de nomes já teve a prisão temporária
decretada por integrar a parte
operacional do narcotráfico. Essas pessoas passarão hoje da prisão temporária para a preventiva,
permanecendo presas para dar
continuidade às investigações.
Em um dos pedidos de prisão
preventiva é apresentada a estruturação do tráfico de drogas no
Acre, que, apesar de não ter uma
composição rígida, responderia
ao "comando único e central" de
Hildebrando.
Ao todo, ele é acusado de comandar 27 pessoas na parte operacional e de distribuição da droga, que passava ainda pelo controle de postos-chave, como os
presídios e as delegacias, e mesmo
um esquema "mediante barbárie" de manutenção do tráfico.
Todos os apontados estão entre
os presos que se encontram em
Brasília, à disposição da Justiça.
Segundo a denúncia, a organização criminosa de Hildebrando
começou nos anos 80, quando,
antes de chegar a coronel e assumir o comando da corporação,
ele assumiu posto de relevância
na Polícia Militar do Acre.
Ele "passou a controlar, entre
outros nichos, a Caixa dos policiais militares, o que lhe deu grande prestígio junto à tropa".
O Ministério Público Estadual
também conclui nesta semana
quatro novas denúncias que envolvem o grupo de extermínio,
com a elucidação de quatro outros homicídios.
Segundo o Ministério Público Federal, integram o esquema do tráfico no Acre as seguintes pessoas: Hildebrando Pascoal (comando único e central); Alex Fernandes Barros, Ronaldo Romero, Ferdinando Leopoldo
de Holanda e Sebastião Mendes da Costa
(auxiliares do comando e estrategistas); Eurico Moreira de Lima e Antônio José Braga e
Silva (segurança do comando); Gilson Mota
da Silva, José Filho de Andrade e Aldecir Alcântara (transporte e distribuição da droga);
Pedro Bandeira Paulino, Paulo Bandeira Bezerra, Sérgio Kennedy Moreira, Raimundo
José Sampaio da Silva Santos, Francisco Barroso de Souza, Mário Jorge Ferreira de Araújo e Albion Gomes de Almeida (controle do
mercado); Manoel Maria Lopes da Silva, Pedro Honorato de Oliveira Neto, Sebastião
Uchôa Castelo Branco, Pedro Pascoal Duarte
Pinheiro Neto, Pedro Luiz Braga, Antônio
Marcos da Silveira Lima, Carlos Rodrigues de
Mendonça e Gilson Mota da Silva (manutenção do esquema, mediante barbárie); e Edinaldo Barroso Albuquerque e Belino Barroso
Carvalho (pequenos traficantes).
Colaborou Abnor Gondim,
da Sucursal de Brasília
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