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CONTAS DA REELEIÇÃO
Doações do anexo renderiam R$ 9,5 milhões à campanha, mas não há provas de que foram feitas
Anexo de planilha lista mais 25 doadores
WLADIMIR GRAMACHO
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Anexo da planilha secreta que
revelou um caixa-dois na reeleição de FHC informa os nomes de
25 empresas e pessoas que prometeram doar mais R$ 9,5 milhões à contabilidade paralela na
reta final da campanha.
Esse valor ingressaria no caixa-dois após o dia 30 de setembro de
1998, data da última atualização
do documento com a contabilidade do comitê financeiro da reeleição. Conforme revelou a Folha,
pelo menos R$ 10,120 milhões já
haviam ingressado na contabilidade paralela até aquela data.
Não é possível, com base nos
documentos, saber se as empresas
e pessoas realmente fizeram a
doação. A planilha "Prev.", anexa
à mais completa contabilidade da
campanha, relaciona o nome de
empresas, pessoas e setores que
teriam prometido doações.
Entre os comprometidos estão
três entidades de classe: Abifarma
(Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica), com R$ 1 milhão; Abras (Associação Brasileira
de Supermercados), com R$ 500
mil; e Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), com
R$ 300 mil. A Lei Eleitoral proíbe
doações de entidades de classe.
A maior promessa de doação é
atribuída a Víctor Costa: R$ 1,5
milhão. O documento não esclarece se a contribuição seria de
uma pessoa física com esse nome
ou das Organizações Víctor Costa, donas da antiga TV Paulista.
Outra empresa com doação expressiva é a MPE (Montagem e
Projetos Especiais), que participa
do controle de trechos privatizados da RFFSA (Rede Ferroviária
Federal S/A), com R$ 500 mil.
Há, nessa mesma lista, anotações pouco específicas, como
"Publicidade", "Transp. Pes. RJ",
"Rio G. Sul", "Ônibus", "Estrangeiros" e "Thoms+B37on", que
só poderiam ser esclarecidas pelo
autor do documento.
Segundo os registros eletrônicos, o autor desse anexo é Sérgio
L. G. Pereira, assim como das demais planilhas incluídas nesse arquivo. Ele é irmão do ex-ministro
Luiz Carlos Bresser Pereira, tesoureiro das campanhas de FHC
em 1994 e 1998.
Procurado pela Folha, Bresser
não foi localizado ontem em sua
casa. Sérgio Pereira já havia afirmado ao jornal que só criou as
planilhas, não tendo sido responsável pela inclusão de dados.
Outro anexo da planilha secreta
traz resumo dos recursos recebidos e gastos pela campanha até o
dia 30 de setembro. Teriam ingressado R$ 36 milhões pelo oficial (tratado como "ofic" no documento) e R$ 21 milhões pelo
caixa-dois (chamado de "out"
-fora, em inglês). A cifra de R$
9,5 milhões a ser arrecadada no
caixa-dois da reeleição também é
citada em outra tabela que resumiu a contabilidade da campanha
até o dia 30 de setembro.
A tabela, que está nos arquivos
obtidos pelo Ministério Público,
informa que R$ 13,7 milhões foram recebidos pelo caixa-dois até
aquela data. O valor indica que,
além dos R$ 10,120 milhões em
doações sem registro, os outros
R$ 4,726 milhões registrados com
valores superiores àqueles enviados à Justiça Eleitoral também foram para o caixa-dois.
Somando contribuições oficiais
e arrecadações paralelas, a campanha presidencial de Fernando
Henrique Cardoso, em 1998, custou R$ 75,2 milhões, de acordo
com o documento. A mesma tabela informa que, até aquela data,
quatro dias antes da eleição, R$
43,6 milhões haviam sido recebidos no caixa oficial. Cifra quase
idêntica aos R$ 43,022 declarados
ao TSE pelo comitê financeiro de
FHC.
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