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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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AMÉRICA LATINA

Idéia, que seria apoiada por Fox, Lagos e Kirchner, é que cada país possa negociar temas como achar melhor

Lula pede apoio à sua proposta para Alca

JULIA DUAILIBI
DA ENVIADA ESPECIAL A
SANTA CRUZ DE LA SIERRA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem apoio a outros países da América do Sul para a proposta brasileira de criar uma Alca (Área de Livre Comércio das Américas) em que cada país possa negociar o acordo que lhe for mais conveniente.
Em café da manhã com os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, do Chile, Ricardo Lagos, e do México, Vicente Fox, o brasileiro insistiu na tese, a ser defendida na reunião de Miami, na próxima semana, que permitiria a cada país buscar a negociação, dentro da área de livre comércio, que considerar mais vantajosa para determinados temas.
"Lula expôs a posição brasileira e disse que essa proposta havia sido aceita pelo [Robert] Zoellick [chefe do Ministério do Comércio Exterior americano]", declarou o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
O café da manhã ocorreu a convite de Lagos, no hotel Los Tajibos, em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, onde ocorre a 13ª Cúpula Ibero-Americana e onde se hospedam 21 chefes de Estado da América Latina, Portugal e Espanha. Fox e Lagos, segundo Garcia, teriam se manifestado favoravelmente à proposta. Kirchner já havia dado apoio à idéia brasileira.
Para os presidentes, Lula colocou ainda que a proposta brasileira prevê uma base mínima de negociação comum: o comércio de bens e o de serviços. Insistiu também no acompanhamento dos acordos bilaterais assinados entre Brasil e os demais países.
Lula, disse Garcia, tem cobrado "acompanhamento rígido" para que os contratos entre os países tenham "consequências efetivas". "A máquina do Estado é muito lenta, e a política externa brasileira está muito turbinada", disse anteontem Garcia. O presidente havia então se reunido com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para quem colocou o "esforço" feito pelo Brasil para dar curso aos seus acordos bilaterais.
Segundo Garcia, o Brasil assinou acordos com quase todos os países da região. Esses contratos fazem parte do projeto de "integração da América do Sul", classificado anteontem por Lula como um "sonho" que o seu governo estaria realizando.
Além de acordos comerciais, consta do projeto de integração a construção de obras físicas de integração, como pontes, estradas e aeroportos. Parte delas recebe o financiamento do BNDES.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, avaliou que os encontros bilaterais de Lula serviram para discutir entraves em financiamentos do BNDES que ainda não saíram. "Temos acompanhado isso. Cada caso é um caso. Temos de acompanhar os detalhes das negociações dos projetos", afirmou.
"Ontem mesmo desatamos o nó de um financiamento de uma hidrelétrica no Equador", declarou Marco Aurélio Garcia.
Na avaliação do presidente, ainda de acordo com Garcia, não basta o empenho dos países envolvidos para que haja a integração regional da América do Sul. Os organismos multilaterais também teriam de se empenhar. Daí a entrada do tema em pauta na conversa de Lula com Annan.
O presidente ainda teria indagado ao secretário-geral da ONU se a próxima reunião do G8, grupo dos países mais ricos do mundo, que ocorrerá nos EUA no ano que vem, terá a participação do G12 -formado também por países em desenvolvimento.
Lula esteve ontem também com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a quem falou sobre a proposta brasileira para a Alca -o venezuelano é um dos principais críticos do acordo.


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