São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

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Aumento é o maior dado a parlamentares desde 1994

Criticados, deputados e senadores evitam aparição pública depois de reajuste

Um grupo liderado por Fernando Gabeira e Raul Jungmann quer questionar a constitucionalidade do reajuste de 91% no STF

LETÍCIA SANDER
FERNANDA KRAKOVICS
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O reajuste aprovado para os 513 deputados federais e 81 senadores foi o maior desde a implantação do Plano Real, no começo de 1994. Os 91% de aumento, descontada a inflação de 2003 até agora, representam 53% de ganho real.
A última elevação substancial no contracheque dos congressistas ocorreu em janeiro de 2003, quando eles tiveram uma reposição que não alcançou nem a inflação registrada entre 1995 -data do reajuste anterior- e aquela época. O aumento ficou 20% abaixo da inflação acumulada.
"Não estava em discussão o percentual, mas sim uma regra, definitiva", defendeu ontem o líder do PR, Luciano Castro (RR), um dos 29 presentes na reunião de anteontem que autorizou a elevação dos salários para R$ 24,5 mil.
"Deve ter sido o maior aumento da história, salvo quando Jango deu um aumento de 100% ao salário mínimo", afirmou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Criticados pela opinião pública, deputados e senadores evitaram ir ao Congresso ontem. No Senado, só Mão Santa (PMDB-PI) apareceu no plenário. Na Câmara, 43 dos 513 deputados foram à Casa. Mas o plenário só funcionou pela manhã, durante 33 minutos.
"Muita gente hoje não tem coragem nem de atender ao telefone. Mas eu tenho -e até dou entrevista, porque acho que ganhar bem não faz mal a ninguém, não é desonra", disse o deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL). Ele estava na reunião de anteontem e votou pela equiparação salarial.

Minoria
Uma minoria no Congresso reagiu ao aumento. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu que as Casas revejam a decisão. "Minha sugestão é que os presidentes Aldo e Renan, numa forma de auscultar a população, reúnam novamente a Mesa e revoguem a decisão."
Um grupo liderado pelos deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e Raul Jungmann (PPS-PE) pretende questionar a constitucionalidade do reajuste no Supremo.
Ontem, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Distrito Federal deu o primeiro passo judicial contra o aumento. A entidade entrou com uma ação popular no Tribunal de Justiça do DF alegando excesso nos gastos públicos.
A elevação dos salários produzirá um efeito cascata nas Assembléias e Câmaras municipais e pode resultar em um custo extra total de cerca de R$ 1,7 bilhão. "Acho que isso é pior do que o mensalão, porque o mensalão pegou um grupo, e este aumento atinge todos", afirmou Cristovam Buarque.


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