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Aumento é o maior dado a parlamentares desde 1994
Criticados, deputados e senadores evitam aparição pública depois de reajuste
Um grupo liderado por
Fernando Gabeira e Raul
Jungmann quer questionar
a constitucionalidade do
reajuste de 91% no STF
LETÍCIA SANDER
FERNANDA KRAKOVICS
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O reajuste aprovado para os
513 deputados federais e 81 senadores foi o maior desde a implantação do Plano Real, no começo de 1994. Os 91% de aumento, descontada a inflação
de 2003 até agora, representam
53% de ganho real.
A última elevação substancial no contracheque dos congressistas ocorreu em janeiro
de 2003, quando eles tiveram
uma reposição que não alcançou nem a inflação registrada
entre 1995 -data do reajuste
anterior- e aquela época. O aumento ficou 20% abaixo da inflação acumulada.
"Não estava em discussão o
percentual, mas sim uma regra,
definitiva", defendeu ontem o
líder do PR, Luciano Castro
(RR), um dos 29 presentes na
reunião de anteontem que autorizou a elevação dos salários
para R$ 24,5 mil.
"Deve ter sido o maior aumento da história, salvo quando Jango deu um aumento de
100% ao salário mínimo", afirmou o senador Cristovam
Buarque (PDT-DF).
Criticados pela opinião pública, deputados e senadores
evitaram ir ao Congresso ontem. No Senado, só Mão Santa
(PMDB-PI) apareceu no plenário. Na Câmara, 43 dos 513 deputados foram à Casa. Mas o
plenário só funcionou pela manhã, durante 33 minutos.
"Muita gente hoje não tem
coragem nem de atender ao telefone. Mas eu tenho -e até
dou entrevista, porque acho
que ganhar bem não faz mal a
ninguém, não é desonra", disse
o deputado Givaldo Carimbão
(PSB-AL). Ele estava na reunião de anteontem e votou pela
equiparação salarial.
Minoria
Uma minoria no Congresso
reagiu ao aumento. O senador
Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu que as Casas revejam a
decisão. "Minha sugestão é que
os presidentes Aldo e Renan,
numa forma de auscultar a população, reúnam novamente a
Mesa e revoguem a decisão."
Um grupo liderado pelos deputados Fernando Gabeira
(PV-RJ) e Raul Jungmann
(PPS-PE) pretende questionar
a constitucionalidade do reajuste no Supremo.
Ontem, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Distrito Federal deu o primeiro
passo judicial contra o aumento. A entidade entrou com uma
ação popular no Tribunal de
Justiça do DF alegando excesso
nos gastos públicos.
A elevação dos salários produzirá um efeito cascata nas
Assembléias e Câmaras municipais e pode resultar em um
custo extra total de cerca de
R$ 1,7 bilhão. "Acho que isso é
pior do que o mensalão, porque
o mensalão pegou um grupo, e
este aumento atinge todos",
afirmou Cristovam Buarque.
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