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Aldo silencia sobre reajuste um dia depois de aprovação de 91%
DA REPORTAGEM LOCAL
Valendo-se até da escolta de
seguranças, o presidente da Câmara, Aldo Rabelo (PCdoB-SP), recusou-se ontem a comentar o reajuste em 91% do
salário dos parlamentares. Um
dos patrocinadores do aumento, Aldo nem sequer respondeu
ao senador Eduardo Suplicy
(PT-SP), que lhe impôs um
constrangimento ao sugerir
que revisse a posição.
Suplicy abordou Aldo à saída
de um seminário sobre reforma
política, promovido pela Fundação Perseu Abramo, em São
Paulo. Ao fim da palestra -encerrada por Aldo- Suplicy sentou-se a seu lado e, citando ter
recebido centenas de e-mails
de protesto, disse que "tendo
em conta essa justa indignação,
deveria haver uma reconsideração". Aldo se levantou sem
dirigir palavra a Suplicy. Questionado se comentaria a proposta do senador -de reajuste
de 28,5%, para reposição da inflação- limitou-se a dizer não.
Na chegada, sua assessora
lançou-se entre ele e os jornalistas para avisar que Aldo não
concederia entrevistas.
Na palestra, Aldo recorreu ao
filósofo alemão Georg Hegel
para endossar o discurso de que
a elite -com seus " novos deuses"- atua para subjugar a política como instrumento de representação popular.
Defendendo reajuste compatível com "os aumentos gerais"
do brasileiro, o presidente do
PT, Marco Aurélio Garcia, recomendou "cuidado com a imagem do Parlamento, que fica
um pouco afetada com isso".
Para o ministro Tarso Genro
(Relações Institucionais), o teto salarial do parlamentar deveria ser mais baixo. "O Congresso é soberano, agora, acho
que, em um país como o Brasil,
deveria haver um teto bem
mais baixo. Devíamos seguir o
exemplo de países desenvolvidos, que estão num patamar civilizatório mais avançado, e onde a diferença entre salários do
setor público é muito menor."
Já o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, disse
ontem, em Cruzeiro (221 km de
São Paulo), que é preciso ter
"muito cuidado com qualquer
aumento" devido ao efeito cascata, que pode dificultar "a gestão do Brasil". "Não acredito
que se possa fazer isso [aumentar salários] sem levar em conta
os números das contas públicas", completou.
Colaborou a Agência Folha, em Cruzeiro
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