São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

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Aldo silencia sobre reajuste um dia depois de aprovação de 91%

DA REPORTAGEM LOCAL

Valendo-se até da escolta de seguranças, o presidente da Câmara, Aldo Rabelo (PCdoB-SP), recusou-se ontem a comentar o reajuste em 91% do salário dos parlamentares. Um dos patrocinadores do aumento, Aldo nem sequer respondeu ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que lhe impôs um constrangimento ao sugerir que revisse a posição.
Suplicy abordou Aldo à saída de um seminário sobre reforma política, promovido pela Fundação Perseu Abramo, em São Paulo. Ao fim da palestra -encerrada por Aldo- Suplicy sentou-se a seu lado e, citando ter recebido centenas de e-mails de protesto, disse que "tendo em conta essa justa indignação, deveria haver uma reconsideração". Aldo se levantou sem dirigir palavra a Suplicy. Questionado se comentaria a proposta do senador -de reajuste de 28,5%, para reposição da inflação- limitou-se a dizer não.
Na chegada, sua assessora lançou-se entre ele e os jornalistas para avisar que Aldo não concederia entrevistas.
Na palestra, Aldo recorreu ao filósofo alemão Georg Hegel para endossar o discurso de que a elite -com seus " novos deuses"- atua para subjugar a política como instrumento de representação popular.
Defendendo reajuste compatível com "os aumentos gerais" do brasileiro, o presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, recomendou "cuidado com a imagem do Parlamento, que fica um pouco afetada com isso".
Para o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), o teto salarial do parlamentar deveria ser mais baixo. "O Congresso é soberano, agora, acho que, em um país como o Brasil, deveria haver um teto bem mais baixo. Devíamos seguir o exemplo de países desenvolvidos, que estão num patamar civilizatório mais avançado, e onde a diferença entre salários do setor público é muito menor."
Já o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem, em Cruzeiro (221 km de São Paulo), que é preciso ter "muito cuidado com qualquer aumento" devido ao efeito cascata, que pode dificultar "a gestão do Brasil". "Não acredito que se possa fazer isso [aumentar salários] sem levar em conta os números das contas públicas", completou.


Colaborou a Agência Folha, em Cruzeiro


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