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IMPOSTOS
Nova rodada de negociação entre governo, Estados e parlamentares sobre tributos começa amanhã
Contribuição social vira "nó" na reforma
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
O governo federal enfrenta
amanhã a resistência de deputados e dos Estados a sua última
proposta de reforma tributária. O
texto afastaria, em princípio, os
riscos de perdas na atual arrecadação federal e de necessidade de
um sistema de fiscalização mais
complexo por parte da Receita.
Nesta terça-feira, acontece nova
reunião entre governo, parlamentares da comissão que estuda a reforma tributária e representantes
dos Estados, com objetivo de chegar a um consenso para a mudança do sistema de impostos.
A maior resistência vem dos deputados da comissão especial de
reforma tributária, que contestam
o formato da contribuição social
proposta pelo governo federal.
O tributo incidiria sobre o faturamento (ou receita bruta) de empresas e instituições financeiras e
substituiria os atuais PIS/Pasep,
Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e o salário-educação.
Ou seja, incidiria "em cascata"
sobre as diferentes etapas da produção de um bem, sem descontos
do que já foi pago anteriormente.
A cobrança efetiva, entretanto,
ocorreria na primeira etapa para
facilitar a arrecadação.
Cobrados exatamente dessa
forma hoje em dia, o PIS/Pasep e a
Cofins foram responsáveis pelo
recolhimento de R$ 52,532 bilhões no ano passado ou 34,04%
do total administrado pela Receita Federal no período.
"Para o governo, é mais cômodo manter o sistema como está.
Nós não vamos aceitar a comodidade e o conformismo na discussão do formato dessa contribuição", afirmou o deputado Antonio Kandir (PSDB-SP), principal
negociador da comissão especial.
Segundo Kandir, o temor de a
reforma gerar perdas de arrecadação para a União, os Estados e
os municípios não pode nem deve
existir. Ele defende um sistema
que prevê a incidência da contribuição sobre o valor final do produto menos os preços dos insumos pagos.
"Essa fórmula acabaria com o
"efeito em cascata" e daria maior
qualidade à contribuição. Mas
exigiria uma equipe de fiscalização mais preparada", afirmou
Kandir.
Na outra frente, os Estados deverão exigir que o governo federal
volte atrás e preserve o artigo da
atual Constituição que proíbe a
União de tributar os setores de telecomunicações, de energia elétrica e de combustíveis -que respondem por cerca de 40% da arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços), principal tributo estadual.
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