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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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CONGRESSO

Num gesto de conciliação, governo convida líder para audiência hoje

Dirceu defende atuação do Planalto e procura Renan

Bruno Stuckert/Folha Imagem
Renan Calheiros, que quer disputar a presidência do Senado, recebe Aloizio Mercadante (PT), após reunião da bancada peemedebista


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O chefe da Casa Civil, José Dirceu, defendeu ontem a interferência do governo na eleição para a presidência do Senado. Segundo o ministro, o Palácio do Planalto apenas expôs seus interesses e objetivos, de maneira clara. Num gesto de conciliação, porém, convidou o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), para uma audiência hoje no Planalto.
Terminada a reunião da bancada que decidiu pelo adiamento da escolha do candidato da bancada peemedebista, Renan recebeu um telefonema de Dirceu. Ele agradeceu a decisão do senador e marcou a audiência. E avisou que ainda à tarde os líderes do PT o visitariam no Senado.
Sobre a intervenção do governo da disputa interna do PMDB, Dirceu afirmou: "Estamos numa casa política e nós somos um partido político que está no governo. Evidentemente, estranho seria se nós concordássemos em eleger oposição para a presidência de uma das Casas", lembrando o apoio dado por Renan ao candidato do PSDB à presidente, José Serra.
A decisão do PMDB de adiar a escolha de seu candidato levou o PT a retomar as negociações para ter o partido na base de sustentação do governo, interrompidas desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recusou a dar dois ministérios para a legenda.
"Vamos buscar um acordo e uma saída negociada", disse Dirceu. "Essa decisão contribuiu para encaminhar o processo [de eleição para o Senado] e preservar a instituição", disse o futuro líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), após reunião com Renan, no final da tarde de ontem.
"O PMDB deu sinais claros da disposição da bancada de apoiar o governo. Demonstrou disposição de contribuir para a sustentação parlamentar", acrescentou.

Plano petista
A retomada das conversas não significa que todo o PMDB esteja contemplado no plano petista para levar o partido à base de sustentação. A intenção do Planalto ainda é tentar mudar o comando da legenda, talvez já numa convenção que a ala dissidente pretende fazer em 16 de fevereiro.
Além disso, é evidente para o governo que parte do comando do PMDB pretende prolongar a disputa por meio da criação da chamada " terceira via", um nome alternativo a Sarney e Renan.
Depois de dividir o partido, o acordo com Renan ampliou a influência do governo dentro da cúpula do PMDB. Candidato da cúpula, o líder no Senado sempre tentou evitar ser confundido como candidato de oposição a Lula.
Também manifestava desconforto com iniciativas da cúpula partidária na Câmara. Renan, por exemplo, combateu a idéia de criar um bloco na Câmara formado por PMDB, PSDB e PFL.
Para o PT, também é conveniente uma saída honrosa para Renan. Isso poderia isolar ainda mais os setores da cúpula que querem o PMDB na oposição. Uma das hipóteses cogitadas no Planalto é a manutenção de Renan na liderança da sigla no Senado. Questionado sobre a ingerência do Planalto em um assunto interno do PMDB, Mercadante justificou: "O PT vai ter uma prática de dialogar e convencer. E conseguimos convencer".


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