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Ação de Rosinha abre crise no governo
DA SUCURSAL DO RIO
A decisão da governadora Rosinha Matheus (PSB) de exigir que
fiscais em cargos de confiança
abram mão de seus sigilos telefônico, bancário e fiscal abriu uma
crise no governo e deixou o secretário de Fazenda, Mário Tinoco,
em situação delicada.
Ontem, fiscais nomeados por
Rosinha tomaram posse nas 31
inspetorias do Estado na condição de que os sigilos de celulares e
telefones particulares seriam
mantidos. O acordo foi firmado
entre Tinoco e os fiscais, sem prévia autorização da governadora.
"Entregamos termo de compromisso para o secretário com essa
condição e ele achou o pedido justo", disse João Bosco de Azevedo,
presidente do Sinfrerj (Sindicato
dos Fiscais de Renda do Rio).
A maioria dos fiscais nomeados
trabalharam com o ex-subsecretário de Administração Tributária
do governo Garotinho (1999-abril
de 2002), Rodrigo Silveirinha
Corrêa, acusado de comandar um
suposto esquema de corrupção
envolvendo fiscais de renda do
Estado e auditores federais. O
grupo teria enviado ilegalmente
US$ 36 milhões à Suíça.
Irritada com a iniciativa de Tinoco, a governadora ordenou a
ele que emitisse uma nota desmentindo acordo com fiscais. Na
nota, Tinoco reafirma a decisão
de Rosinha de manter a ordem de
quebra dos sigilos fiscal, bancário
e telefônico, sem distinção de linhas residenciais ou funcionais.
O secretário marcou para semana que vem reunião com os fiscais
para apresentar o termo de compromisso que eles deverão assinar. "Se de fato a governadora
não ceder, vamos entrar num impasse. A quebra do sigilo telefônico residencial é invasão de privacidade. O grupo Fisco não pode ficar sob suspeita por causa da má
conduta de dois ou três fiscais",
afirmou Azevedo.
O Ministério Público Estadual
enviará na semana que vem à Assembléia Legislativa fitas com diálogos e imagens do caso Light. Em
1999, a empresa denunciou à polícia uma tentativa de extorsão supostamente praticada por fiscais
do Estado. Dois desses fiscais são
agora investigados sob acusação
de terem enviado ilegalmente dinheiro para bancos suíços.
Ontem integrantes da comissão
criada pela Assembléia Legislativa
para acompanhar o caso foram ao
Ministério Público e ao Consulado-Geral da Suíça. Do cônsul
Klaus Bucher receberam um informe do Ministério Público Suíço sobre a situação da investigação naquele país.
Deputadas do PSB, partido da
governadora Rosinha e do ex-governador Garotinho, ocupam
duas das três vagas da comissão.
O período investigado é durante o
governo Garotinho. A comissão é
composta pelas deputadas Graça
Matos e Aparecida Gama (PSB) e
pela deputada Heloneida Studart
(PT), que está de férias e enviou
um representante ontem. Para
Graça Matos, o fato de haver duas
parlamentares ligadas ao governo
não significa que a comissão vá
ser menos rigorosa. "Nosso trabalho é apenas preparatório para
uma eventual CPI."
(MFM e FE)
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