São Paulo, terça-feira, 17 de janeiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Prefeito e governador travam disputa de currículos, com auto-elogios em evento; o primeiro, porém, continua negando pré-candidatura pelo PSDB

Ao lado de Alckmin, Serra fala como candidato

MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO

ALEXSSANDER SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, José Serra, abandonou as questões municipais e discursou ontem como candidato ao Planalto. Diante de uma platéia de empresários e do governador Geraldo Alckmin, seu adversário na disputa pela candidatura tucana à Presidência, o prefeito apresentou seu currículo, criticou a política econômica e enumerou propostas de soluções para os problemas nacionais.
O prefeito continua negando ser pré-candidato, mas afirmou que os responsáveis pela realização das mudanças que sugeriu são os eleitores. Por fim, concluiu seu discurso dizendo que elas "são possíveis e serão realizadas".
Alckmin, que também discursou na abertura da Couromoda 2006 em São Paulo, foi menos incisivo que o prefeito, que falou antes dele. Preferiu apontar suas realizações à frente do Governo de São Paulo e não atacou diretamente a política econômica. Fez questão, porém, de também mencionar seu currículo.
Uma das principais estratégias dos articuladores de Serra na disputa interna do partido é a de destacar a biografia e a formação do prefeito, sugerindo que ele estaria mais bem preparado para assumir o país e reger o processo de mudanças na política econômica.

Duelo de currículos
Serra abriu sua fala citando sua formação em economia, para depois abordar o assunto dos juros, do câmbio, da carga tributária e do comércio exterior, afirmando que o principal desafio do país é equilibrar essas questões.
"Sou economista e comecei na economia, depois de ter estudado engenharia, com um curso de especialização em desenvolvimento e planejamento industrial", disse.
O governador, que já assumiu sua candidatura ao Planalto, citou sua formação médica ao falar sobre a política econômica: "Aprendi na faculdade de medicina: suprima a causa que o efeito cessa. Isto é, não podemos deixar de fazer reformas inadiáveis, rapidamente, para que possamos ter um câmbio favorável, um juro baixo".
Ao contrário de Alckmin, Serra criticou duramente a valorização do real, a carga tributária e os "juros siderais". Propôs uma "lei de responsabilidade cambial" e um seguro para o câmbio "em momentos de turbulência". Do contrário, disse ele, o Brasil assistirá a uma "invasão de produtos chineses, causando desemprego".
"Se há algo que o Sudeste Asiático ensinou ao mundo é que o câmbio deve ser competitivo. Não basta ter Lei de Responsabilidade Fiscal, mas também [lei] de responsabilidade cambial. Temos de criar seguros para o câmbio em momentos de turbulência e proteger a atividade produtiva, que gera emprego, impostos e renda."
Aos jornalistas, Alckmin justificou seu discurso menos crítico, afirmando que não pretende fazer campanha criticando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o PT. Para ele, quem adotar essa estratégia, como fez ontem Serra, "corre o risco de falar sozinho": "O grande debate é o debate do futuro. É sonhar, mas com os pés no chão", concluiu o governador.


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