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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Prefeito e governador travam disputa de currículos, com auto-elogios em evento; o primeiro, porém, continua negando pré-candidatura pelo PSDB
Ao lado de Alckmin, Serra fala como candidato
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
ALEXSSANDER SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, José
Serra, abandonou as questões
municipais e discursou ontem como candidato ao Planalto. Diante
de uma platéia de empresários e
do governador Geraldo Alckmin,
seu adversário na disputa pela
candidatura tucana à Presidência,
o prefeito apresentou seu currículo, criticou a política econômica e
enumerou propostas de soluções
para os problemas nacionais.
O prefeito continua negando ser
pré-candidato, mas afirmou que
os responsáveis pela realização
das mudanças que sugeriu são os
eleitores. Por fim, concluiu seu
discurso dizendo que elas "são
possíveis e serão realizadas".
Alckmin, que também discursou na abertura da Couromoda
2006 em São Paulo, foi menos incisivo que o prefeito, que falou antes dele. Preferiu apontar suas
realizações à frente do Governo
de São Paulo e não atacou diretamente a política econômica. Fez
questão, porém, de também mencionar seu currículo.
Uma das principais estratégias
dos articuladores de Serra na disputa interna do partido é a de destacar a biografia e a formação do
prefeito, sugerindo que ele estaria
mais bem preparado para assumir o país e reger o processo de
mudanças na política econômica.
Duelo de currículos
Serra abriu sua fala citando sua
formação em economia, para depois abordar o assunto dos juros,
do câmbio, da carga tributária e
do comércio exterior, afirmando
que o principal desafio do país é
equilibrar essas questões.
"Sou economista e comecei na
economia, depois de ter estudado
engenharia, com um curso de especialização em desenvolvimento
e planejamento industrial", disse.
O governador, que já assumiu
sua candidatura ao Planalto, citou
sua formação médica ao falar sobre a política econômica: "Aprendi na faculdade de medicina: suprima a causa que o efeito cessa.
Isto é, não podemos deixar de fazer reformas inadiáveis, rapidamente, para que possamos ter um
câmbio favorável, um juro baixo".
Ao contrário de Alckmin, Serra
criticou duramente a valorização
do real, a carga tributária e os "juros siderais". Propôs uma "lei de
responsabilidade cambial" e um
seguro para o câmbio "em momentos de turbulência". Do contrário, disse ele, o Brasil assistirá a
uma "invasão de produtos chineses, causando desemprego".
"Se há algo que o Sudeste Asiático ensinou ao mundo é que o
câmbio deve ser competitivo. Não
basta ter Lei de Responsabilidade
Fiscal, mas também [lei] de responsabilidade cambial. Temos de
criar seguros para o câmbio em
momentos de turbulência e proteger a atividade produtiva, que
gera emprego, impostos e renda."
Aos jornalistas, Alckmin justificou seu discurso menos crítico,
afirmando que não pretende fazer
campanha criticando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o
PT. Para ele, quem adotar essa estratégia, como fez ontem Serra,
"corre o risco de falar sozinho":
"O grande debate é o debate do
futuro. É sonhar, mas com os pés
no chão", concluiu o governador.
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