São Paulo, terça-feira, 17 de janeiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CASSAÇÕES

Wanderval Santos é acusado de ter recebido R$ 150 mil do "valerioduto"; processo do Conselho de Ética é o primeiro do ano

Parecer pede a cassação de deputado do PL

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho de Ética da Câmara apresentará na tarde de hoje a conclusão do primeiro processo de cassação do ano, cujo parecer recomendará a perda do mandato do deputado Wanderval Santos (PL-SP) por envolvimento no escândalo do "mensalão".
Após uma polêmica mudança na ordem dos processos em andamento, Wanderval puxará a fila dos 11 deputados que enfrentarão o plenário nos próximos meses, apontados como beneficiários do esquema de repasses montado por Marcos Valério de Souza.
Antes dele, o conselho julgou outros quatro processos referentes ao "mensalão": pediu a cassação de Roberto Jefferson (PTB-RJ), José Dirceu (PT-SP) e Romeu Queiroz (PTB-MG), e a absolvição do líder do PL, Sandro Mabel (GO). Dos quatro, apenas Queiroz conseguiu alterar a decisão no plenário posteriormente.
Wanderval é acusado de ser destinatário de R$ 150 mil do "valerioduto". O dinheiro foi sacado por um funcionário do seu gabinete das contas de Valério no Banco Rural. O argumento do deputado é que os recursos foram sacados a mando de Carlos Rodrigues (PL-RJ), que renunciou ao mandato de deputado federal.
Segundo a Folha apurou com integrantes do conselho, dois pontos sustentam o relatório de Chico Alencar (PSOL-RJ) pela cassação: a total responsabilidade de Wanderval pelas ações dos seus assessores e o fato de ele admitir ter submetido seu mandato a outro deputado -no caso, Carlos Rodrigues.
Caso nenhum integrante do conselho peça vista do relatório, o texto poderá ser votado hoje mesmo. A tendência é que o parecer seja aprovado pelo conselho por ampla maioria dos votos.
Nos bastidores, a avaliação é que o caso de Wanderval funcionará como um "termômetro" da reação do plenário após a absolvição de Romeu Queiroz. Pesa contra o deputado do PL o fato de os partidos trabalharem para que ele seja o primeiro da lista, poupando outros mais visados na fila.

Pedro Corrêa
Ontem, o conselho encerrou o processo contra o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), que passa a ser o quarto da lista de 11 parlamentares que enfrentarão o plenário. Pelo calendário inicial, Corrêa seria o primeiro, mas ele conseguiu retardar o depoimento de sua última testemunha, Mário Negromonte (PP-BA).
Na ocasião, Negromonte afirmou que tinha "informações relevantes" sobre o caso, mas que não poderia comparecer na data marcada. Ontem, ele disse que os dados são cópias das notas taquigráficas de reuniões da bancada do PP antes de votações mostrando que não se falava em "mensalão".
Negromonte disse que o líder do partido na Casa, José Janene (PR), intermediou o repasse de R$ 700 mil a título de "doação" do PT para a defesa do ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC).


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