São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 2001 |
Próximo Texto | Índice
PAINEL Sem recibo Irritado, FHC passou o dia de ontem avaliando a melhor maneira de responder a ACM, que o acusou de ajudar na eleição de Jader Barbalho e de fazer vista grossa à corrupção no Congresso. Três opções foram cogitadas, mas, ao final, decidiu-se terceirizar a resposta. Para não dar munição a um contra-ataque. De bom tamanho A primeira hipótese considerada no Planalto foi FHC responder a ACM. Logo constatou-se que seria fazer o jogo do baiano. Depois, pensou-se na divulgação de uma nota. Teria quase o mesmo efeito. Escalando Arthur Virgílio (PSDB) para a réplica, FHC procura circunscrever o assunto ao Congresso. Espelho, espelho meu Piada que correu no Planalto: ao ler a manchete de ontem da Folha - "FHC e Jader são iguais, diz ACM"-, o presidente comentou: "Eu não falei que o Antonio Carlos ia recuar, eu não falei? Já está elogiando o adversário. Só acho que ele exagerou um pouco na dose: o Jader é inteligente, mas não tanto". Palco fechado Jader descartou de imediato responder a ACM. Argumento: estaria agindo da mesma maneira que sempre condenou na gestão do pefelista no Senado. Banco dos réus Se divulgasse uma nota para rebater ACM, o Planalto o faria por meio da AGU (Advocacia Geral da União). Para deixar claras as implicações jurídicas das denúncias do senador e sugerir que ele teria saudades do regime militar, quando as pessoas eram condenadas arbitrariamente, sem processo judicial. Borracha na mão Jutahy Magalhães (PSDB-BA) se apressou a defender FHC das críticas de ACM para limpar sua imagem com o presidente e se credenciar ao cargo de líder tucano na Câmara. Sabe que o Planalto não esqueceu que, em 1994, ele apoiou Lula na eleição. Amigo do inimigo Jefferson Péres (PDT) será indicado pela oposição para a presidência da comissão do Senado que lhe couber. Ironia: o pedetista, sem desconfiar que pudesse ser traído por Sebastião Rocha (PDT-AP) na eleição do Senado, prometera antes disso repassar o cargo ao colega. Olho no olho Na terça-feira, a bancada de oposição pretende fazer uma acareação entre Emília Fernandes (sem partido), a outra acusada de traição a Péres, e Ademir Andrade (PSB). Sem querer, ele deixou escapar numa reunião que a senadora votara em Jader após um acordo para que o PSB ficasse com um cargo na Mesa. Roupa suja Do senador petista Tião Viana (AC), sobre as traições a Jefferson Péres (PDT-AM) na eleição do Senado: "Descobrimos que alguns setores da oposição sofrem de falta de caráter". Agenda providencial FHC está sendo aconselhado a mudar a pauta do Congresso já na próxima semana. Tucanos avaliam que único modo para abafar a crise entre os parlamentares aliados é colocar projetos importantes em discussão. A próxima briga Assim como na Câmara, também há na bancada do PMDB no Senado insatisfação em relação ao processo de escolha do líder da sigla na Casa. Jader Barbalho quer fazer seu substituto -Renan Calheiros-, mas senadores pressionam para que haja uma eleição interna. Por correspondência José Sarney está mantendo o seu velho estilo. Enviou mensagem aos 26 senadores do PMDB apoiando a indicação de Renan Calheiros (AL) para líder da bancada da sigla no Senado. Amir Lando e Ney Suassuna também estão de olho no cargo. TIROTEIO Do senador Ademir Andrade (PSB), sobre o "caça às bruxas" na oposição aos senadores que traíram Jefferson Péres na eleição do Senado: - Não tem nenhum santo nessa história. PT e PPS estão posando de bonzinhos, mão vão ter de explicar como conseguiram um cargo na Mesa do Senado sem um acordo prévio com o PMDB. Foram eles que elegeram Jader Barbalho ao lançar Jefferson Péres. CONTRAPONTO Pressão no céu
Quando disputou pela primeira vez o Senado, Teotonio Vilela
Filho (PSDB-AL), à época no
PMDB, esperava contar com o
apoio imediato de Renan Calheiros (PMDB-AL), que concorria a deputado federal. Renan hesitava. |
|