São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2002

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ROMBO AMAZÔNICO

Ex-senador chegou a ser algemado pela PF no Tocantins

Jader é preso em Belém e TRF concede habeas corpus

Dirceu Maués
O Ex-senador Jader Barbalho (PMDB) embarca para Tocantins, escoltado por policiais federais


LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM (PA)

A Polícia Federal prendeu ontem pela manhã o ex-senador e ex-presidente do Congresso Jader Barbalho (PMDB-PA), 57, e mais cinco integrantes do grupo acusado de fraudar a extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
Por volta das 22h, Jader obteve liminar do presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Fernando Tourinho Neto, em Brasília, garantindo sua libertação. O ex-senador foi preso às 9h30 em Belém e transferido para Palmas (TO) duas horas depois, onde chegou algemado.
Até as 22h30, Jader aguardava o comunicado formal da decisão do juiz para deixar a Superintendência da PF. Um avião fretado esperava no aeroporto para levar o ex-senador de volta ao Pará.
Em Belém, também foram presos pela manhã o ex-superintendente da Sudam José Arthur Guedes Tourinho e Maria Auxiliadora Barra Martins, proprietária de uma assessoria e contadora do ranário da mulher de Jader, Márcia Centeno. Tourinho, Maria Auxiliadora e Maurício Vasconcelos, ex-superintendente da Sudam que não chegou a ser preso, também conseguiram liminar no TRF garantindo a libertação.
Em Altamira (PA) foram presos os empresários Laudelino Délio Fernandes, José Soares Sobrinho e Regivaldo Pereira Galvão, acusados de serem beneficiários do esquema de fraudes.
Ao todo, o juiz Alderico Rocha Santos, da 2ª Vara da Justiça Federal no Tocantins, decretou a prisão preventiva de 11 dos 59 denunciados pelo Ministério Público. A decisão atinge ainda: Romildo Onofre Soares, Sebastião José Soares Sobrinho, Geraldo Pinto da Silva e José Osmar Borges.
O juiz considerou que testemunhas poderiam ficar inibidas de contribuir na investigação da PF em razão de Jader ter usufruído de grande poder político no passado. Santos também entendeu que a extinção da Sudam, motivada pelas evidências de cobrança de propinas para a aprovação de projetos, seria uma comprovação de ameaça à ordem pública.

Transferências
Jader, Tourinho e Maria Auxiliadora embarcaram num avião monomotor da PF em Belém sem usar algemas, com destino a Palmas, onde chegaram no final da tarde de ontem. A aeronave fez uma escala em uma cidade próxima a Palmas devido ao mau tempo na capital. O ex-senador e Tourinho ficaram na mesma cela -que tem 20 metros quadrados.
Os empresários Fernandes, Soares Sobrinho e Galvão estavam na Casa de Prisão Provisória.
Jader é apontado pelo Ministério Público Federal como "líder da organização criminosa". Tourinho estaria na "linha direta do comando", seguindo orientações do ex-senador. Maria Auxiliadora, segundo a denúncia, estaria no grupo de operadores externos, dando suporte técnico à organização por meio do escritório de consultoria AME - Assessoria, Projetos e Contabilidade.
Soares Sobrinho era um dos sócios do Grupo Soares, que executou oito projetos financiados pela Sudam no Tocantins, no Pará e no Amapá. Já Laudelino Délio Fernandes é acusado de ter integrado o grupo de empresários donos de projetos fraudados. Segundo o Ministério Público, esse grupo criou empresas que atuaram na lavagem dos recursos fraudados.
Ainda de acordo com o Ministério Público, Regivaldo Pereira Galvão funcionava como um banco, auxiliando nas fraudes, ao emprestar dinheiro a juros exorbitantes a serem pagos com as verbas da Sudam.


Colaborou SILVANA DE FREITAS, da Sucursal de Brasília



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