São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2002

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O MARANHÃO É AQUI

Vila Miséria não tem TV, fogão e geladeira

Maioria das pessoas vive em casas de taipa

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PAÇO DO LUMIAR


Uma face da realidade do Maranhão está estampada na "Vila Miséria", como é conhecida a comunidade Carlos Augusto, em Paço do Lumiar, na Grande São Luís. Assim como na maior parte dos 217 municípios do Estado, as 2.000 casas da vila não têm rede de esgoto nem água encanada tratada.
A maioria dos 12 mil habitantes da vila, recém-chegados do interior, está desempregada e vivendo na ociosidade dentro de suas casas de taipa.
Na casa do casal Manoel Diniz Aguiar, 40, e Udacir Fonseca Maia, 34, a água e a luz chegam na base do improviso. Para obter água para seus seis filhos, há duas opções: fazer fila num poço artesiano ou arriscar uma caminhada de uma hora até o açude mais perto. A luz vem de ligações clandestinas.
Manoel e Udacir abandonaram há dois anos a cidade de Barreirinhas (370 km de São Luís) para tentar fugir da fome e encontrar atendimento médico público. Manoel está desempregado e consegue cerca de R$ 100 por mês com o carvão que fabrica nos fundos de sua casa.
Questionada sobre o horário das refeições da família, Udacir respondeu sorrindo e mostrando à reportagem um prato com meia dúzia de peixes rodeados de moscas: "Não há hora certa pra comer por aqui. O almoço só sai quando as crianças começam a chorar de fome".
Televisões, fogões e geladeiras são raridade na vila. A comida é aquecida à lenha. "Comemos pouco, mas conseguimos sobreviver", disse Manoel. Na vila, não há coleta de lixo nem rede de esgoto. Tudo o que não presta é jogado em um buraco comunitário. Outros buracos servem de banheiro.



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