|
Texto Anterior | Índice
O MARANHÃO É AQUI
Vila Miséria não tem
TV, fogão e geladeira
Maioria das pessoas vive em casas de taipa
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PAÇO DO LUMIAR
Uma face da realidade do
Maranhão está estampada na
"Vila Miséria", como é conhecida a comunidade Carlos Augusto, em Paço do Lumiar, na
Grande São Luís. Assim como
na maior parte dos 217 municípios do Estado, as 2.000 casas
da vila não têm rede de esgoto
nem água encanada tratada.
A maioria dos 12 mil habitantes da vila, recém-chegados do
interior, está desempregada e
vivendo na ociosidade dentro
de suas casas de taipa.
Na casa do casal Manoel Diniz Aguiar, 40, e Udacir Fonseca Maia, 34, a água e a luz chegam na base do improviso. Para obter água para seus seis filhos, há duas opções: fazer fila
num poço artesiano ou arriscar
uma caminhada de uma hora
até o açude mais perto. A luz
vem de ligações clandestinas.
Manoel e Udacir abandonaram há dois anos a cidade de
Barreirinhas (370 km de São
Luís) para tentar fugir da fome
e encontrar atendimento médico público. Manoel está desempregado e consegue cerca de R$
100 por mês com o carvão que
fabrica nos fundos de sua casa.
Questionada sobre o horário
das refeições da família, Udacir
respondeu sorrindo e mostrando à reportagem um prato com
meia dúzia de peixes rodeados
de moscas: "Não há hora certa
pra comer por aqui. O almoço
só sai quando as crianças começam a chorar de fome".
Televisões, fogões e geladeiras são raridade na vila. A comida é aquecida à lenha. "Comemos pouco, mas conseguimos sobreviver", disse Manoel.
Na vila, não há coleta de lixo
nem rede de esgoto. Tudo o
que não presta é jogado em um
buraco comunitário. Outros
buracos servem de banheiro.
Texto Anterior: Entenda a origem dos indicadores Índice
|