São Paulo, Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 1999
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CASO CECI CUNHA
Objetivo é esclarecer depoimentos contraditórios de acusados do crime
PF quer reconstituir morte de deputada

da Agência Folha, em Maceió

As Polícias Civil e Federal vão fazer a reconstituição do assassinato da deputada Ceci Cunha (PSDB-AL), que ontem completou dois meses.
A PF acusa o deputado Talvane Albuquerque (PTN-AL) de ser o mandante do assassinato, mas diz que ainda há pontos a serem esclarecidos: as armas do crime não foram localizadas e as cinco pessoas presas acusadas de serem os autores materiais do assassinato deram depoimentos contraditórios.
Ceci foi morta na frente da casa de sua irmã Cláudia em Maceió, para onde foi após ser diplomada deputada federal. Com ela, foram mortos seu marido, Juvenal Cunha, 46, seu cunhado Iran Carlos Maranhão, 33, e a mãe deste último, Ítala Maranhão Pureza, 58.
Devido à morte de Ceci, Talvane Albuquerque, seu primeiro suplente, tomou posse em seu lugar na Câmara no último dia 3. No mesmo dia, a Mesa da Câmara enviou pedido de cassação do mandato do parlamentar à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) por falta de decoro.

Transferência
Os pontos não esclarecidos no caso levaram a PF e o delegado responsável pelo caso, Paulo Braz, a requererem ontem a transferência para Maceió de Alécio Alves Silva e Jadielson Barbosa Silva, assessores de Albuquerque, que estão presos em Brasília.
Antes da reconstituição, os dois deverão ser acareados com Mendonça Medeiros da Silva, preso na última sexta-feira no Pará. A datas da acareação e da reconstituição dependem da transferência dos assessores de Albuquerque.
Medeiros da Silva confessou a participação na chacina, mas disse que apenas deu proteção ao Fiat que teria levado Jadielson, Alécio, e José Alexandre Santos até o local do crime. Santos, por sua vez, afirmou à PF que quem fez os disparos contra a deputada e os outros três que morreram foi Medeiros Silva.
"A autoria material está esclarecida. Foram mesmo esses quatro homens presos que fizeram a barbaridade. Agora falta definir, por meio da acareação e da reconstituição, a forma exata como tudo aconteceu", afirmou o delegado.
Medeiros da Silva afirmou também, em depoimento no inquérito, que além da proteção ao carro que teria sido utilizado na chacina, ajudou na fuga dos três funcionários de Albuquerque.
"Fiquei no carro esperando por eles na BR-101, na saída para Pernambuco. Eles colocaram fogo no Fiat que usaram e fugiram no Santana que estava comigo", disse Medeiros da Silva, que está preso na sede do grupo de elite da Polícia Civil de Alagoas, o Tigre.
O Santana que ele diz ter usado na fuga foi apreendido no sábado na casa do pai de Albuquerque, em Arapiraca (AL). O carro está em nome de Pedro Leão, marido da superintendente do INSS de Alagoas, Terezinha Albuquerque, irmã do deputado Albuquerque.
O deputado nega sua participação no crime. Diz que está sendo vítima de uma "armação" por parte da Polícia Federal. Ontem, Albuquerque não foi localizado para comentar o assunto. (ARI CIPOLA)




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