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TÍTULOS SOB SUSPEITA
Dirigentes de bancos, corretoras e distribuidoras devem ser denunciados por crime do colarinho branco
CPI vai priorizar busca de documentos
CARI RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
A CPI dos Precatórios muda
de rumo a partir
desta semana e
vai priorizar a
busca de documentos em vez
de insistir no depoimento dos envolvidos em irregularidades com títulos públicos.
Os técnicos do BC, Receita Federal e Polícia Federal devem acelerar os trabalhos de cruzamento
dos telefonemas trocados entre os
donos dos bancos e corretoras que
negociaram papéis destinados ao
pagamento de precatórios (dívidas
judiciais) de Santa Catarina, Alagoas e Pernambuco.
``A partir de agora, a CPI terá
menos interrogatórios públicos e
mais tempo para investigar'', disse
o relator Roberto Requião
(PMDB-PR).
``Laranjas''
Requião disse ainda que, a partir
desta semana, devem ser acirradas
as investigações em torno do grupo político que estava por trás dos
``laranjas'', dos bancos e das corretoras envolvidas no escândalo
investigado pela CPI.
Para descobrir quem ``costurava'' todo o esquema da lavagem do
dinheiro, o relator, junto com a
PF, pretende rastrear os cheques
que foram quebrados em pequenos valores pela corretora Perfil e
pelo Banco Vetor, e que acabaram
nas mãos de doleiros.
Para os técnicos que auxiliam a
CPI, as provas documentadas para
incriminar os responsáveis pelo
suposto esquema investigado pela
comissão só deverão aparecer ao
final das buscas feitas pela PF e Receita Federal.
O prejuízo estimado para os Estados de Alagoas, Pernambuco e
Santa Catarina com as negociações
de títulos é de R$ 600 milhões, segundo a CPI.
A Polícia Federal deve apresentar
nos próximos dias os primeiros resultados das investigações sobre as
pessoas físicas e jurídicas que receberam cheques das empresas IBF
Factoring, SMJT, Ianes, Tradetronic, além de Fausto Solano Pereira, dono da corretora Boa Safra.
Cheques
A SMJT, Ianes e Tradetronic receberam cerca de R$ 40 milhões
em cheques da Perfil. O destino
desse dinheiro é considerado a
chave para descobrir o mentor do
esquema.
Luiz Calabria, dono da empresa,
diz que as empresas destinatárias
dos cheques foram indicadas por
Wagner Baptista Ramos, ex-coordenador da Dívida Pública do município de São Paulo.
A CPI analisa hoje informações
importantes decorrentes da quebra do sigilo telefônico, segundo o
senador Esperidião Amin
(PPB-SC).
Ele diz acreditar que já é possível
indiciar criminalmente os donos
do Banco Vetor, da Perfil, Negocial e os quatro funcionários da
Prefeitura de São Paulo, que participaram do esquema.
Colarinho branco
Todos os dirigentes de bancos,
corretoras e distribuidoras financeiras, entre outros que depuseram na CPI, serão denunciados ao
Ministério Público por terem praticado crime do colarinho branco.
O senador Vilson Kleinubing
(PFL-SC), sub-relator da CPI, disse ontem que a comissão também
vai recomendar ao Senado que altere a resolução que regulamenta o
endividamento público.
A idéia é levar o Banco Central a
fiscalizar com mais rigor as instituições financeiras que atuam no
mercado de capitais.
Tanto Kleinubing quanto Amin
-que têm procurado, sobretudo,
desvendar as irregularidades no
processo de emissão e comercialização das Letras Financeiras do
Tesouro de Santa Catarina- esperam saber, esta semana, para onde
foi o dinheiro arrecadado.
Segundo Fábio Nahoum, um dos
donos do banco Vetor, que intermediou os negócios com os papéis
no mercado financeiro, o lucro
obtido com o deságio na venda dos
papéis foi entregue a ``laranjas'',
no exterior. Para Amin, isto é suficiente para que os envolvidos sejam enquadrados em crime de
evasão de divisas.
Colaborou a Agência Folha
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